Os efeitos do aquecimento global na saúde humana já são mensuráveis nas Américas. É o que revela um relatório lançado na última terça (8) pela Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas), que fez uma revisão sistemática da literatura médica sobre o tema. O documento mostra que doenças e condições médicas agravadas pelas mudanças climáticas estão em alta progressiva, com variações significativas cuja distribuição se relaciona com as profundas desigualdades observadas no continente.
Entitulado “Adotar medidas contra as mudanças climáticas beneficiará a saúde e promoverá a equidade em saúde nas Américas”, o relatório faz parte do projeto “Mudanças Climáticas e Saúde”, da Parceria InterAcademias (IAP), que também está produzindo análises para os continentes asiático e africano (o relatório para a Europa já está disponível).
As mudanças climáticas têm muitas faces, com consequências distintas para a saúde e bem-estar humano: ondas de calor intenso aumentando os casos de insolação; problemas respiratórios relacionados à poluição; aumento de doenças infecciosas por conta de migração de vetores ou contaminação de águas durante enchentes; secas prolongadas destruindo colheitas e contribuindo para insegurança alimentar e nutricional e tragédias causadas por eventos climáticos extremos.
Os impactos se mostram mais graves em regiões mais pobres ou geograficamente vulneráveis, afetando de forma particularmente intensa segmentos mais vulneráveis da população, como idosos, crianças e minorias étnicas. O relatório sugere também ações de mitigação e orienta que políticas públicas sejam desenvolvidas com base na ciência e levem em conta a urgência do combate às mudanças climáticas na atualidade.
A ABC está representada no comitê diretor do projeto pelo Acadêmico Paulo Saldiva, que assina como um dos autores principais do documento.