Os participantes do 12º Simpósio dos Membros Afiliados da ABC: Letícia Palhares, Marcia Barbosa, Ricardo Garcia, Solange Fagan, Rita de Cássia dos Anjos, Luiz Davidovich e Leonardo Campos.

 

A edição de 2021 dos Simpósios Científicos dos Membros Afiliados da ABC chegou ao fim em sua 12ª edição, que ocorreu no último dia 2, terça-feira. E, para fechar o ano com chave de ouro, quatro membros afiliados da área de física aplicada trouxeram suas mais recentes descobertas para um debate de alto nível. Ecologia, nanomateriais semicondutores, a estrutura dos prótons e raios cósmicos de alta energia foram os principais tópicos abordados pelos cientistas Leonardo Cristiano Campos (UFMG), Letícia Faria Domingues Palhares (Uerj), Ricardo Martinez Garcia (Unesp) e Rita de Cássia dos Anjos (UFPR). A coordenação ficou por conta da diretora da ABC Marcia Barbosa. A debatedora foi a professora titular e vice-reitora da Universidade Franciscana (UFN) Solange Binotto Fagan, membro afiliado da ABC.

Conheça melhor os Acadêmicos que participaram do 12º Simpósio:

Amor pelas novas descobertas
Letícia Faria Domingues Palhares é professora da Uerj e estuda a estrutura mais profunda da matéria: as partículas no interior dos núcleos atômicos.

Modificando as propriedades dos materiais bidimensionais 
Professor da UFMG desde 2013, o físico Leonardo Cristiano Campos busca criar condições físicas para que o mesmo material seja condutor ou isolante de eletricidade, por exemplo.

Combinando física e biologia para compreender o ambiente
Pesquisador do Instituto de Física Teórica da Unesp, Ricardo Martinez Garcia cria modelos matemáticos para representar ecossistemas, de modo a entender seu funcionamento.

Fascínio pelos astros e pelas galáxias
Professora da UFPR, Rita de Cássia dos Anjos pesquisa astrofísica de partículas de altas energias, buscando entender como galáxias e buracos negros se relacionam no Universo.

 

O Debate

“Nós enquanto físicos buscamos sempre trabalhar para sistemas explicar novos fenômenos físicos ou algo novo”, comentou a também física Solange Binotto Fagan. A debatedora provocou os novos afiliados, levantando tópicos pertinentes sobre a pesquisa de cada um dos participantes, como por exemplo, questionando Campos sobre como evoluir da ciência básica para aplicação e as aplicabilidades da inteligência artificial para a pesquisa de Martinez Garcia. 

Para dar início ao debate, os pesquisadores comentaram qual a utilidade de suas pesquisas na prática e se há alguma chance de elas se tornarem acessíveis – em forma de produtos, por exemplo – para a sociedade em geral.

Campos informa que sua pesquisa já está gerando capital em forma de sensores que medem a concentração de gás carbônico em gás natural, em um projeto desenvolvido para a Petrobrás. “De uma forma geral, as pesquisas na área estão se encaminhando para que os produtos estejam no mercado amanhã, pelo menos na minha área [nanomateriais]”, confirma o professor. Para ele, é fundamental que os estudos na área de ciência básica continuem, porque ela provê as explicações iniciais que darão margem para estudos mais específicos. 

Letícia Palhares completa a fala anterior, afirmando que a aplicabilidade é uma preocupação que o cientista sempre deve ter, apesar de não ser previsível com antecedência. Ela comenta que as principais aplicações da ciência são coisas que não foram previstas, mas partem de necessidades de um determinado grupo e também de algumas tentativas – como aconteceu com a internet. A pesquisadora menciona a importância da física nuclear para a medicina, que deu origem à ressonância magnética, tomografia, radioterapia e terapia de prótons. No caso de muitas doenças, essas ferramentas são as únicas formas de diagnóstico e tratamento.

Martínez ressalta que o fundamento principal da ciência é compreender a natureza e os ecossistemas e, a partir deste ponto, expandir para novas aplicabilidades, como o desenvolvimento de políticas de conservação. Através de cálculos matemáticos, é possível propor cenários de resultados catastróficos, assim como ações capazes de conter a extinção de espécies. 

Já para Rita de Cássia dos Anjos, entender a física de raios cósmicos e como essa matéria em alta energia funciona, seus possíveis danos e benefícios, é algo muito motivador e com várias possíveis aplicações.

Esbanjando didatismo ao explicar seu conteúdo, Letícia conta que a paixão pela divulgação científica vêm crescendo desde 2014, quando ganhou o prêmio ABC-Loreal-Unesco Para Mulheres na Ciência. “A gente tem que ter essa preocupação. A educação científica tem um papel muito importante nesse momento político em que estamos vivendo”, comenta. Ela compartilha seus planos para o futuro, que incluem investir no ramo: “Precisamos levar um pontinho de informação que seja para despertar o interesse pela ciência. Algum dia pretendo fazer algo mais inclinado para a divulgação científica, talvez extensão em escola, ou algo para o público geral… Ao meu ver, é um dever do cientista.”

 

Para assistir ao evento completo, acesse o canal da ABC no Youtube. 

E ano que vem tem mais Simpósio: os novos membros afiliados da ABC para o período 2022-2026 já foram anunciados em nosso site. Em breve, teremos novos simpósios, novos debates e muito mais conhecimento de ponta sendo compartilhado. Continue nos acompanhando para não perder nenhuma novidade!