Organizado pelo Escritório Regional da Unesco, a segunda edição do Fórum Aberto de Ciências da América Latina e Caribe aconteceu na Cidade do Panamá, entre os dias 22 e 24 de outubro. A conferência contou com painéis sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), mulheres na ciência, diplomacia científica e desenvolvimentos no campo da genética para uma sociedade justa.

Nos dias 20 e 21 de outubro, a Interacademy Partnership (IAP) e a Global Young Academy (GYA) reuniram um grupo interdisciplinar de jovens cientistas para participar de um workshop de treinamento em liderança científica. O objetivo da atividade foi equipar os participantes com as ferramentas e habilidades necessárias para aumentar seu impacto ao liderar o encargo de usar a ciência para atingir os ODS de 2030. A capacidade de liderança dos participantes para se engajar em diálogos intergeracionais sobre o papel da ciência na política foram posteriormente colocadas em prática no Fórum Cilac.

Os participantes do workshop de Liderança Científica

O treinamento contou com a participação de 18 representantes de 12 países: Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Estados Unidos, Panamá, Peru, Malásia, Rússia. Este grupo foi composto por profissionais de diferentes formações acadêmicas como geografia, história, medicina, biologia, entre outras, o que possibilitou um rico debate multidisciplinar. A atuação profissional dos participantes em diferentes áreas, tanto em centros de pesquisa e instituições governamentais como em universidades, também permitiu troca de experiências de alto nível.

Indicada pelo físico e Acadêmico José Antônio Marengo, a geógrafa Silvia Midori Saito foi a cientista escolhida pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) para representar o Brasil nas atividades. Saito possui mestrado e doutorado em geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atua como pesquisadora no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A geógrafa Silvia Saito durante apresentação no treinamento

A moderação do workshop foi realizada pelos facilitadores Maggie Dugan, da Knowinnovation, e Cesar Guerrero, da Universidad Autonoma de Bucaramanga, Colômbia. Eles conduziram todo o evento com técnicas, tais como mapa mental, knowing vs wondering e angel vs advocate, que incentivavam a ampla participação e interação dos presentes.

A primeira atividade do treinamento foi realizada com intuito de permitir maior aproximação entre os participantes. Depois, foi feita a apresentação institucional sobre a GYA, por Teresa Stoepler, diretora executiva da IAP for Research. Em seguida, foi iniciada a dinâmica relativa aos ODS e a Agenda 2030, na qual os facilitadores incentivaram os participantes a se manifestarem através de frases curtas sobre os temas, utilizando duas perspectivas: “I wonder” e “I know”. A primeira compôs um mural com aspectos relacionados aos conhecimentos já estabelecidos sobre os 17 ODS e a segunda proporcionou uma série de questões, dúvidas e anseios sobre a implementação da Agenda 2030 no nível global, regional e local.

Mural produzido a partir da atividade “I wonder/I know”

Em momento posterior, o grupo se dedicou a debater sobre qualidades de liderança coletiva e individual. A facilitadora orientou a discussão destacando seis dimensões: reflexão, empoderamento, estratégia, engajamento, conectividade e investigação. Os participantes se dividiram em grupos e desenvolveram um mapa mental para cada uma das dimensões, relacionando as suas principais características, para posterior apresentação ao grupo.

O segundo dia de treinamento foi dedicado à continuidade das atividades sobre liderança e à reflexão sobre a atuação individual na implementação dos ODS. Em um primeiro momento, os participantes foram separados em cinco mesas e cada um exerceu o papel de contador de história, de ouvinte e de escrivão. O objetivo era de que cada um desempenhasse os diferentes papéis, para identificar as dificuldades em cumprir cada uma das atribuições.

Em seguida, os grupos se dedicaram a trabalhar com as dúvidas para alcançar as metas dos ODS. Cada participante escolheu uma questão proposta no mural I wonder. A partir da ideia, o grupo elaborou sugestões sobre como alcançá-la. A técnica utilizada para essa atividade incentivou que as ideias partissem de diferentes personagens, como uma criança, uma adolescente ou um presidente de uma nação. Após as discussões, cada participante selecionou individualmente as ideias que julgava serem as mais pertinentes. Ao término dessa atividade, os participantes realizaram uma autoavaliação, no intuito de identificar de que maneiras poderiam contribuir para alcançar as metas propostas pelos ODS. Essas iniciativas foram classificadas no nível individual, institucional e nacional, e no período de um mês, um ano e três anos.

Saito e mais dois participantes do workshop, os cientistas Jose Castro Nieto e Leonardo Amarilla, fizeram parte das sessões de Alto Nível do Fórum de CILAC. E, no intuito de colaborar com a melhoria das apresentações, os demais participantes forneceram feedbacks aos palestrantes sobre pontos positivos, preocupações e sugestões.

Quadro com feedback dos participantes sobre a apresentação de Silvia Saito no workshop