Em seu 10º aniversário de criação, a Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae) ‒ que coordena as atividades dos grupos de pesquisadores brasileiros que atuam nessa área e, em particular, aquelas associadas às grandes colaborações internacionais ‒ promove encontro nos dias 30 e 31 de julho, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP).
A ideia é fazer o balanço de suas atividades nesta década e avaliar os mecanismos de financiamento para as atividades relacionadas ao trabalho em laboratórios internacionais. Será também a oportunidade para planejar o futuro dessa área, que engloba de partículas elementares a astrofísica, passando por estudos da antimatéria e radiação cósmica.
Além de duas plenárias, haverá a apresentação de aproximadamente 50 trabalhos. Espera-se um público em torno de 150 participantes.
Sobre a Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae)
A rede foi criada em 2008, pelo então Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Seus objetivos envolvem:
- A promoção do avanço científico e tecnológico da investigação das propriedades das partículas e suas interações fundamentais no país.
- A consolidação e ampliação da pesquisa em física de altas energias, expandindo a capacitação científica e técnica necessária para explorar os benefícios resultantes dos desenvolvimentos associados e suas implicações tecnológicas.
- O desenvolvimento de um programa de mobilização de empresas instaladas no Brasil para atuar no desenvolvimento da instrumentação e do software para as colaborações internacionais da área.
- A coordenação das atividades dos grupos atuantes em física de altas energias e, em particular, as atividades associadas às grandes colaborações internacionais.
Fazem parte do Conselho Técnico-Científico da Renafae: Eduardo de Moraes Gregores (UFABC), Gilvan Augusto Alves (CBPF), João Torres de Mello Neto (UFRJ), José Manoel de Seixas (Coppe/UFRJ), Marcelo Gameiro Munhoz (USP), Ricardo Avelino Gomes (UFG), o Acadêmico Ronald Cintra Shellard, diretor do CBPF, e Sérgio Ferraz Novaes (IFT/Unesp).
Riqueza e bem-estar
Hoje, o Brasil conta com pouco mais de 120 pesquisadores, de 15 instituições, envolvidos diretamente em grandes colaborações internacionais nesse campo – se incluídos técnicos e estudantes, esse número chega à casa de 200 colaboradores. Além disso, há, no país, cerca de uma centena de físicos teóricos que se dedicam à área de altas energias.
O Brasil participa de várias dessas colaborações internacionais em laboratórios na Europa, nos EUA, na Argentina e, mais recentemente, no Chile. Pesquisadores brasileiros estão nos quatro grandes detectores (Atlas, CMS, Alice e LHCb) do acelerador de partículas LHC (Grande Colisor de Hádrons), bem como no Alpha ‒ este último sobre antimatéria ‒, todos experimentos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), com sede em Genebra (Suíça).
O país está também presente no Laboratório Auger, sobre radiação cósmica (Argentina); no DUNE, que estuda neutrinos (EUA); e no CTA, que busca fontes de raios gama no cosmo (Ilhas Canárias e, provavelmente, Chile).
Os trabalhos nesses laboratórios se dão de forma colaborativa: diversas instituições de pesquisa, de diferentes partes do planeta, se organizam para trabalharem juntas, com objetivos científicos bem definidos. São grandes projetos que buscam expandir a fronteira do conhecimento na ciência fundamental.
Boa parte dos avanços gerados por essas colaborações internacionais – os quais geralmente se transformam em riqueza para as nações e bem-estar para a população – é feita em parceria com empresas privadas de alta tecnologia. Não raramente, inovações e desenvolvimentos obtidos por grandes colaborações científicas internacionais acabam empregados em equipamentos e serviços do cotidiano, como celulares, computadores, internet, redes sem fio, carros, aviões, refrigeradores etc., gerando produtos mais modernos, de menor consumo energético e melhor qualidade.
O Brasil tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento de novas tecnologias para esses projetos científicos internacionais. Quatro exemplos emblemáticos são o chip Sampa, para o sistema de detecção do Alice (CERN); a placa para teste da nova eletrônica empregada no detector LHCb (CERN); o sistema de filtragem online de elétrons do Atlas (CERN); e o Arapuca, armadilha que aprisiona luz, usada no DUNE (Universidade Stanford e Fermilab, ambos nos EUA).