O International Human Rights Network of Academies and Scholarly Societies – aliança que congrega mais de 80 sociedades e academias de diversos países – publicou documento que posiciona a associação contra a nova política migratória estadunidense, sancionada pelo presidente recém-eleito, Donald Trump.

No decreto assinado pelo presidente em 27 de janeiro deste ano, nativos de países como Irã, Iraque, Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iêmen e refugiados em geral ficam temporariamente banidos dos Estados Unidos. Além disso, ele proíbe por tempo indeterminado a entrada de refugiados da Síria nos EUA.

Os membros do Comitê Executivo, formado por cientistas de diferentes países – no qual o Brasil é representado pela Acadêmica Belita Koiller – escreveram a carta que esclarece a preocupação do órgão com os impactos que esta medida terá na ciência mundial. O grupo lembra que grandes avanços científicos foram feitos em conjunto com cientistas de diversas partes do mundo, incluindo refugiados, e que o impedimento de seu trânsito pelo país vai impactar diretamente na atividade de pesquisa e nas relações internacionais entre pesquisadores. “Os EUA desempenham para muitos países o papel de um verdadeiro Hub internacional de pesquisa. Não é o único, mas, para mim, o preferido. Essa ordem enfraquece este papel dos EUA como um pólo internacional de ciência e tecnologia, um ambiente estimulante para troca de ideias e colaborações entre cientistas de todos os países”, lamenta Koiller.

Além de prejudicial para setores do país, o Comitê reforça que a medida é discriminatória e cita grupos de direitos humanos que já fizeram declarações ratificando esta posição. Eles ainda afirmam que cientistas, pesquisadores e estudantes dos países mencionados no decreto e que estavam fora dos EUA quando este foi decretado já enfrentaram complicações para retornar ao país.

Acreditam também que mais cientistas passarão a temer sair do país e não conseguirem voltar. “O impacto desta ordem executiva não se limita aos 7 países nela explicitados, mas contamina todos os programas internacionais em atividade dos quais os EUA participam. É uma barreira interrompendo o fluxo internacional de ideias e o livre trânsito de cientistas, pré-requisitos para o avanço científico, tecnológico e inovação em termos globais”, completa a Acadêmica.

O pedido do comitê é de que o governo americano reveja a política, considerando não apenas o quanto ela prejudicará as atividades científicas internacionais, mas também para que ela respeite as leis internacionais de direitos humanos e os direitos dos refugiados.