Janaína Mascarenhas Hornos da Costa cresceu dentro do meio acadêmico. Filha e neta de professores universitários, ela considera um privilégio ter usufruído tão cedo do ambiente de pesquisa. Esse tipo de convivência chegou, inclusive, a ultrapassar as fronteiras do Brasil, pois ela acompanhou seus pais aos Estados Unidos quando eles decidiram cursar o doutorado no exterior, ainda durante a infância de Janaína.
O histórico de familiares envolvidos no ambiente universitário é ainda maior. “Meus avós, ambos Acadêmicos, foram os responsáveis por despertar em mim a vontade de seguir esse caminho”, conta. Além deles, ela também destaca a influência exercida por seu professor de iniciação científica, Henrique Rozenfeld, na sua paixão pela ciência.
“A carreira é que me escolheu”
Quando pequena, gostava muito de dançar e considerava o balé clássico sua maior diversão. Irmã mais nova de três meninas, suas disciplinas preferidas no colégio eram matemática, física e história. Talvez por isso, em sua passagem ao ensino superior, optou pelos cursos de bacharelado em administração de empresas e ciências contábeis, ambos pelo Centro Universitário Central Paulista (Unicep), em São Carlos.
Quando questionada sobre o exato momento em que escolheu fazer pesquisa, Janaína confessa não se lembrar. “Acredito que não fui eu quem escolheu a carreira, mas sim a carreira que me escolheu. Desde meu segundo ano da graduação, eu sabia que queria seguir carreira científica”, lembra. Ela conta que sua graduação, em ambos os cursos, foi muito rápida. Trabalhando e fazendo iniciação científica ao mesmo tempo, ela mal viu o tempo passar.
Ainda em São Carlos, Costa obteve seus títulos de mestrado e doutorado pelo Programa de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). “O mestrado foi uma época extremamente satisfatória, com muitos projetos e uma grande equipe trabalhando em conjunto. Já no doutorado, tive o privilégio de começar meus contatos internacionais e perceber que eu tinha oportunidades além das fronteiras do Brasil”, conta.
Trajetória profissional
Durante o ano de 2011, ela atuou como pesquisadora sênior no Grupo de Engenharia Integrada do Núcleo para Manufatura Avançada (NUMA, na sigla em inglês). Além disso, Janaína já participou de inúmeros projetos de pesquisa financiados pelas principais agências de fomento do país, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Desde 2012, ela trabalha como pesquisadora de pós-doutorado do grupo Lean Advancement Initiative, do Massachusetts Institute of Technology. Sua atual linha de pesquisas busca compreender, de maneira científica, quais são os desafios recorrentes na gestão do processo de desenvolvimento de novos produtos. Em sua visão, trata-se de um procedimento que, além de garantir a competitividade das empresas, é também complexo e apresenta altos riscos. “Todos esses fatores”, afirma, “tornam o desenvolvimento de produtos algo desafiador”.
Segundo Janaína, para fazer ciência é necessário ser criativo e disciplinado. A um jovem interessado em pesquisa, ela aconselha: “Converse com vários cientistas, mesmo que você não entenda o teor da pesquisa realizada, e pense fora da caixa. Com isso, você irá despertar uma curiosidade sobre seu próprio potencial para realizar projetos científicos”.
Novos caminhos a serem traçados
Eleita membro afiliado da ABC para o período de 2013 a 2017, ela enxerga no método científico algo encantador, devido à sua capacidade de resolver um problema específico e generalizá-lo para que uma gama maior de áreas e indústrias possam ser beneficiadas. Quanto à titulação, ela afirma: “Ser membro da Academia é um enorme reconhecimento, uma verdadeira confirmação de que meu esforço como pesquisadora está sendo frutífero. Significa, ainda, uma maior motivação para continuar inovando e elevando as pesquisas brasileiras no meio internacional.”
Janaína Costa ainda acredita que a troca de experiências científicas, facilitada pelo convívio com os Acadêmicos nos eventos da ABC, poderá trazer muitos benefícios. “Quero também ser capaz de motivar jovens pesquisadores a sonharem e realizarem projetos na fronteira do conhecimento. E o inverso é válido: ser motivada pela experiência dos outros membros seniores, para galgar novas realizações”, finaliza.