Ícaro Vitorello, Reinhardt Fuck, Mônica Heilbron, Ricardo Trindade

O Simpósio de Ciências da Terra foi realizado no dia 7 de novembro, no auditório da Academia Brasileira de Ciências, dentro do evento Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe 2012. Com o objetivo de divulgar algumas das linhas de pesquisa desenvolvidas na área que vêm apresentando repercussão positiva nos últimos anos, o encontro foi coordenado por Reinhardt Fuck, membro titular da ABC e pesquisador colaborador da Universidade de Brasília (UnB), e Roberto DallAgnol, professor associado da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador titular do Instituto Tecnológico Vale de Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS). DallAgnol não pôde comparecer ao simpósio, mas colaborou com Fuck na sua organização e escolha de palestrantes.

Mônica Heilbron, professora titular e pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), foi a primeira a falar. No início de sua apresentação, ela admitiu ter uma “preferência por rochas que possuem em torno de 500 milhões de anos” e convidou os presentes a um mergulho nos primórdios do planeta Terra. Heilbron, então, realizou uma análise da subdivisão tectônica da América do Sul, seguida por um breve panorama da história tectônica mundial e das principais e mais importantes ferramentas para obtenção de avanços nesse campo. Após um estudo de caso do sudeste brasileiro, a pesquisadora citou os desafios a serem vencidos no futuro. Ela afirmou que a geologia de superfície do país se encontra em estágio avançado, mas que se faz necessária a intensificação das campanhas de mapeamento geológico, visando à geração de dados primários de qualidade, além da disponibilização dessa base de dados a serviço da sociedade.

O palestrante seguinte foi Ícaro Vitorello, pesquisador titular e docente do curso de Pós-Graduação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O cientista configurou um panorama atual dos trabalhos que envolvem o conhecimento do fundo da Terra através de três métodos geofísicos: a sismologia, a gravimetria e a indução eletromagnética. Além de tratar dos aspectos científicos de seu trabalho, Vitorello demonstrou preocupação quanto aos rumos futuros da ciência no país, insistindo an importância da formação de novos cientistas bem qualificados. “É preciso que haja uma renovação, então temos que formar jovens. É necessário priorizar a formação de pessoas.”

O último conferencista foi Ricardo Trindade, membro afiliado da ABC e professor do Departamento de Geofísica da Universidade de São Paulo (USP). Ele afirmou que iria tratar da “história de uma hipótese que nasceu em 1998, se consolidou em 2002, e que, de certa forma, está morrendo agora”, ressaltando o fato de que seus estudos estão empenhados em ajudar a matá-la. Trindade falou sobre supercontinentes, superglaciações e a oxidação da atmosfera. Entre outras coisas, ele citou dois importantes eventos glaciais, a Glaciação Huroniana e as Glaciações Neoproterozóicas, explicou a hipótese da Terra Bola de Neve, que representaria um extremo climático no qual a Terra se encontraria inteiramente coberta de gelo e mostrou uma foto de dois geólogos da Namibia em que, em um mesmo ambiente, era possível observar rochas de ambientes glaciais e outras de ambientes muito quentes.

Finalizando o simpósio, Fuck manifestou satisfação com o resultado do evento. “Nossa ideia era reunir pesquisas de ponta que estão sendo realizadas em nosso país e que têm dado uma contribuição imensa para a gente conhecer melhor como o nosso território se formou, como ele evoluiu e chegou onde está hoje, e esse objetivo foi plenamente alcançado.”