A descoberta de que proteínas anômalas causam doenças ao se replicarem – como vírus e bactérias – é relativamente nova na medicina. Até hoje é um campo considerado de vanguarda e muitas perguntas permanecem sem respostas.
No caso do mal de Alzheimer, já se sabe que é uma doença degenerativa associada ao dobramento errado de duas proteínas: a beta amilóide e a tau. Ambas estão presentes normalmente no cérebro, mas, por alguma razão, ainda não totalmente conhecida, elas assumem uma forma diferente, e, por isso, passam a adotar também uma função diferente: começam a se autorreplicar no formato anômalo e se agregam, causando a doença.
Processo similar ocorre no caso das encefalopatias espongiformes (ou, no caso de animais, o mal da vaca louca), que também são provocadas por proteínas que assumem novos formatos, no caso, os príons, como explica o especialista no assunto e Acadêmico Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Diferentemente da tau, no entanto, já se provou que o príon é transmissível, quando se ingere alimentos orginários de animais com a doença. E, uma vez em contato com as proteínas normais, a alterada induz a replicação no formato defeituoso.
Como um vírus, o príon pode ser considerado um agente infeccioso. No entanto, ele é mais elementar, uma vez que não carrega informação genética. Sobre a tau, o que se sabe até agora é que ela tem um comportamento similar ao do príon na sua propagação. Mas ela não seria transmissível.
Outras proteínas, segundo Lima Silva, poderiam adotar esse comportamento similar ao dos príons, causando doenças. Seu grupo investiga o papel de algumas delas no câncer.