O diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Lívio Amaral, participou da sexta edição do evento “Avanços e Perspectivas da Ciência na América Latina, Brasil e Caribe”, representando o presidente da entidade e Acadêmico Jorge Guimarães, que não pôde estar presente. Amaral discorreu sobre a situação da pós-graduação no Brasil e a ciência em geral, informando que, em 2008, a Capes passou a ter também sob sua responsabilidade a diretoria do ensino básico.

De acordo com o palestrante, o órgão sustenta 60% das bolsas de pós-graduação oferecidas pelo governo, o que significa mais de 66 mil bolsas de estudo no Brasil e sete mil no exterior. Além disso, a Capes avalia e apoia mais de 4.700 cursos de pós-graduação e permite o acesso a mais de 28 mil periódicos e 130 bases de dados referenciais, através do Portal de Periódicos.

“Não há nada parecido com o nosso portal na América Latina”, afirmou Amaral sobre a biblioteca virtual criada pela Capes, que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil boa parte da produção científica internacional. “É o maior democratizante de ciência e tecnologia do país, e cresceu muito nos últimos sete anos”. Ele acrescentou a informação de que, em 2008, foram investidos 85 milhões de dólares no portal, ao qual 320 instituições têm acesso atualmente.

Amaral apresentou a evolução do número de cursos de pós-graduação, mostrando que tanto o mestrado quanto o doutorado cresceram em uma taxa contínua a partir dos anos 70. Além disso, ele revelou que a nova categoria de mestrado profissional se estabeleceu nos anos 2000 e, desde então, também vem crescendo. “Em setembro de 2011, o Brasil contava com 2.765 cursos de mestrado acadêmico, 1.619 de doutorado e 363 de mestrado profissional, totalizando 4.747 cursos.”

Ele afirmou que, no entanto, podem ser identificadas assimetrias nos cursos de pós-graduação: “Existem desigualdades em todos os indicadores, como PIB e renda per capita, e na pós-graduação não é diferente”. Conforme revelaram os dados apresentados, as regiões Sudeste e Sul contam com um grande número de cursos, enquanto nas regiões Norte e Centro-Oeste, a distribuição de programas de pós-graduação é muito baixa. Segundo uma avaliação trienal realizada em 2010, a repartição de cursos por habitantes no país é de 22 cursos por cada milhão de pessoas. Na região Norte, no entanto, esse índice é de 11 cursos por milhão e, na região Sul, são 30 cursos por milhão.

Já o número de bolsas de estudo concedidas pela Capes no país cresceu 136% nos últimos seis anos, o equivalente a um investimento de 1,43 bilhões de reais. “Em 2011, financiamos 38.200 bolsas de mestrado, 24.500 de doutorado e 3.100 de pós-doutorado, totalizando 65.800 bolsas no país”, declarou o palestrante. A meta é aumentar essa quantidade até 2020, ano em que o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) chega ao fim.

De acordo com Amaral, muitas mudanças em relação à pós-graduação no Brasil ainda precisam ser feitas. Um dado que revela isso é a quantidade de doutores por mil habitantes. Enquanto, no nosso país, esse índice é de 1,4, na Suíça é de 23 e na Alemanha, de 15,4. “Normalmente, só chegaríamos ao nível do Canadá (cujo índice é de 6,5) em 2022 ou 2023. Com a meta do aumento de bolsas do PNPG, devemos atingi-lo em 2018”, contou. “Ainda assim, nosso número de doutores cresce mais anualmente. No momento, temos 12 mil doutores titulados por ano.”

Amaral também enfatizou a boa situação da ciência no Brasil: 2,7% da produção científica mundial é brasileira: “Produzimos metade do que é feito em toda a América Latina. Há duas décadas, estávamos no mesmo nível da Argentina e México, mas demos um salto, principalmente nos últimos quatro anos, e temos agora uma produção bastante competitiva e adequada”.