É com pesar que comunicamos o falecimento do Acadêmico Jayme Tiomno. O velório será realizado em 12/1 até as 21h e no dia 13/1, das 9h às 16h, na Sala Oliveira Castro, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), térreo. O corpo será cremado em cerimônia privada, às 8:30h, no crematório da Santa Casa de Misericórdia, localizado no cemitério São Francisco Xavier (Caju), na sexta-feira, 14/01.
Nascido em 1920 no Rio de Janeiro, Jayme Tiomno era casado com a também física e Acadêmica Elisa Frota Pessoa, com ele na foto durante a comemoração dos 60 anos do CBPF, em 2009.
Jayme Tiomno obteve o bacharelado de Física em 1941, na Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1942, já contratado como assistente da cadeira de Física Geral e Experimental regida pelo falecido Acadêmico Joaquim da Costa Ribeiro, auxiliou-o em seu trabalho sobre Efeito Termodielétrico. Em 1946, recebeu uma bolsa da USP para pós-graduação com o falecido Acadêmico Mario Schenberg. Em 1947 foi contratado pela USP como assistente de Física Teórica, na cadeira de Schenberg.
Em 1948, Tiomno ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Princeton, EUA, onde obteve o Ph.D em meados de 1950. Nesse período descobriu, em colaboração com o seu orientador John A. Wheeler, a universalidade das interações fracas, seu trabalho de maior repercussão. Durante anos, a representação introduzida por esses autores das interações com três pares de partículas nos vértices de um triângulo foi denominada Triângulo de Tiomno-Wheeler.
Ainda em 1949 e 1950, trabalhou com E.P.Wigner e com C.N.Yang, futuros prêmios Nobel, respectivamente sobre teorias dos neutrinos – tema de sua tese de doutorado – e interação universal de Fermi. Também em 1950, Tiomno fez um trabalho com W.Schutzer sobre relação da Matriz S com causalidade, considerada a primeira aplicação da teoria de dispersão a reações nucleares. Voltando para São Paulo em 1952, foi contratado pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do qual foi membro fundador. Os anos 50 foram os mais produtivos de sua carreira, quando publicou cerca de 20 trabalhos de destaque.
Em 1965, Tiomno participou da implantação do Instituto de Física da Universidade de Brasília, como coordenador. Após o colapso da UnB, obteve a Cátedra de Física Superior da USP e dedicou os anos de 1968 e 1969 à implantação de um grupo de Física teórica nessa cadeira, que veio a ser mais tarde o núcleo do Departamento de Física Matemática criado pelo Acadêmico Moysés Nussenzweig.
No entanto, sua carreira na USP e no CBPF foi interrompida pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1969. Impossibilitado de trabalhar no Brasil, Tiomno aceitou um contrato conjunto da Universidade de Princeton e do Instituto de Estudos Superiores de Princeton e centrou então suas atividades em Teoria da Gravitação e Eletromagnetismo, publicando em 1971 e 1972 doze trabalhos, sozinho ou em colaboração com o grupo de J.A.Wheeler.
Em 1973, Tiomno foi contratado pela PUC-RJ. Lá formou um novo grupo, em Gravitação e campos não-abelianos. Com a colaboração de antigos associados, publicou cerca de dez trabalhos. Em 1980, foi recontratado pelo CBPF, que lhe concedeu em 1992 o título de Pesquisador Emérito. Lá ele se uniu ao grupo de M.Novello e I. D.Soares, fundou o Departamento de Relatividade e Partículas (DRP) no qual publicou, com vários colaboradores, mais de 15 trabalhos, principalmente sobre modelos cosmológicos de Godel e de Szekeres e sobre física dos quarks.
Mais recentemente, já aposentado, terminou com I. Soares um trabalho sobre fundamentos dos efeitos Sagnac e Mashoon. No DRP, coordenou um projeto experimental de Física de Partículas em colaboração com o Fermilab, do qual resultou um novo Departamento, o LAFEX. Publicou cerca de 100 trabalhos de pesquisa em variados campos da Física.
A Diretoria da ABC presta suas homenagens a esse grande físico brasileiro e cumprimenta a família.