A SBPC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) entregaram na tarde desta segunda-feira, 25/10, ao candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, o documento “Agenda de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Brasil”. O texto reúne propostas das duas principais entidades acadêmicas do Brasil para o próximo governo federal nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação.
O documento também foi entregue à candidata do PT, Dilma Rousseff, no último dia 15 (leia matéria). Elaborado por um grupo de cientistas, o texto contempla cinco grandes temas: “Avanço acelerado da ciência brasileira”, “O Brasil na fronteira da produção de conhecimento”, “A conservação e o uso sustentável dos biomas nacionais”, “Agregação de valor à produção e à exportação” e “O Brasil precisa de uma revolução na educação”.
O encontro entre os representantes da SBPC e da ABC com o candidato ocorreu na nova sede administrativa da SBPC, localizada no bairro de Vila Buarque, na região central de São Paulo. Dele participaram o secretário da SBPC Dante Augusto Couto Barone; o vice-presidente da ABC, Hernan Chaimovich; os conselheiros da SBPC, Carlos Vogt e o Acadêmico Jailson Bittencourt de Andrade; o presidente de honra da SBPC e Acadêmico José Goldemberg; e os membros da ABC, Eduardo Moacyr Krieger, Isaías Raw e Mayana Zatz, além de cientistas e pesquisadores ligados a universidades e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo.
No início do encontro, o secretário da SBPC Dante Barone passou às mãos do candidato o documento e apresentou algumas das propostas a serem implementadas no próximo mandato presidencial. Entre elas, elevar para 2% do PIB os dispêndios em ciência, tecnologia e inovação, que hoje correspondem a 1,2%, e que o percentual dos investimentos em educação alcance um valor significativamente superior ao dos países OCDE, que atualmente é da ordem de 6% do PIB.
“O Brasil está avançando no cenário internacional da ciência, tecnologia e inovação. Hoje nós já ocupamos a 13ª posição no ranking dos países que mais publicam artigos científicos. E, sem dúvida, isso precisa avançar cada vez mais”, disse o secretário da SBPC.
Por sua vez, o vice-presidente da ABC, Hernan Chaimovich, apontou que além de se preocupar com a atividade da ciência, outra grande responsabilidade das entidades científicas deve ser se preocupar com as políticas públicas relacionadas à ciência. “Esse documento representa um amadurecimento no trabalho conjunto entre a SBPC e a ABC em prol de políticas científicas nacionais que sejam transformadas em políticas de Estado”, avaliou.
Após ouvir as propostas da SBPC e da ABC, o candidato José Serra solicitou ao mediador do encontro, o diretor científico da Fapesp e diretor da ABC Carlos Henrique de Brito Cruz, para ouvir as opiniões de alguns cientistas presentes. Alguns dos pleitos manifestados por eles foram a necessidade de absorção do conhecimento produzido no país pelo setor privado, além de facilitar a importação de material para pesquisa e possibilitar a participação de candidatos estrangeiros nos concursos para contratação de professores para as universidades públicas brasileiras, entre outras.
O candidato afirmou que, se eleito, o documento elaborado pela SBPC e pela ABC poderá se tornar seu programa de governo para a área de ciência, tecnologia e inovação. De acordo com ele, a meta proposta pela SBPC e ABC de aumentar os investimentos em CT&I dos atuais 1,2% para 2% do PIB é possível de ser atingida até 2020, desde que sejam dados incentivos à iniciativa privada.
“Para as empresas investirem em pesquisa é preciso que elas tenham incentivo e a certeza de que continuarão produzindo e de que o mercado não será absorvido pelas importações”, disse o candidato. Ele, no entanto, ponderou que o ponto de partida para aumentar os investimentos em CT&I no país é melhorar os níveis de educação no país.
“Precisamos editar um plano nacional da educação em um horizonte de 10 a 15 anos, que esteja acima dos partidos e dos interesses políticos”, disse. “É preciso deixar a educação fora da disputa política para que possamos promover uma verdadeira revolução nesse área, sem a qual que não haverá progresso científico e tecnológico em médio e longo prazos”, avaliou.