No dia 10 de dezembro foi aprovada para liberação comercial a primeira cultura transgênica desenvolvida no Brasil – um tipo de soja geneticamente modificada, utilizando uma tecnologia do DNA recombinante.

De acordo com o Acadêmico Elibio Rech, coordenador do projeto inicial para a geração das plantas transgênicas de soja por parte da Embrapa, o projeto constituiu parte fundamental para uma ação multidisciplinar e multiinstitucional de uma parceria público-privada entre a Embrapa e a BASF. “Esta parceria envolveu proeminentes cientistas das empresas, responsáveis pelo desenvolvimento de um importante produto da ciência e tecnologia nacional com foco no agronegócio e desenvolvimento sustentável”, ressaltou Rech.

A Embrapa e a BASF irão disponibilizar a tecnologia para os produtores de soja brasileira. Eles se beneficiarão com um novo sistema que deve entrar no mercado como uma opção no manejo e controle de plantas daninhas. “Esse novo sistema oferece ao agricultor a vantagem de poder alternar o uso de tecnologias no controle de plantas daninhas, que é recomendável tanto do ponto de vista técnico como econômico, além de contribuir na redução da emissão de CO2 “, explicou Rech.

Menores níveis de emissões de CO2 ocorrem pela redução do número de aplicações, já que nesse sistema sistema basta fazer uma aplicação de herbicida por ciclo. “Isso significa menos hora/trator, menos combustível”, destacou Rech. O herbicida utilizado no novo sistema é ativo em baixas doses por hectare, o que também resultará numa maior eficiência energética. A poupança de combustível associada a menor quantidade de ativo por hectare são importantes componentes para a eficiência energética. “Somados ao plantio direto, teremos como resultado uma economia permanente de emissões de dióxido de carbono e aumento da competitividade do agronegócio nacional”, afirmou o Acadêmico.

A cooperação entre as duas empresas teve início em 1997. As tecnologias de propriedade da Embrapa e da BASF são o gene que confere tolerância a herbicida, fornecido pela BASF, e o processo de geração de soja transgênica, desenvolvido por Rech e colaboradores. A soja tolerante a herbicidas é o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido no Brasil e produzido no laboratório da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

Outra importante contribuição desse projeto foi a realização no Brasil dos estudos de laboratório e de campo que resultaram no pacote regulatório, ou seja, no relatório técnico que contem as informações sobre a equivalência nutricional e agronômica da soja geneticamente modificada. “Essa é a nossa primeira planta modificada gerada integralmente no país, acompanhada de um pacote regulatorio brasileiro que atende aos padrões internacionais”, destacou o Acadêmico As empresas estão registrando a soja em outros paises, compradores importantes da soja nacional.

Para Elibio Rech, esta parceria público-privada ilustra a capacidade da ciência e tecnologia brasileira na biotecnologia agrícola. “Mostra ao mundo nossa capacidade de gerar inovação, crucial na sociedade de hoje.”