O Acadêmico Luiz Antonio Barreto de Castro homenageia em texto reproduzido abaixo o colega Ernesto Paterniani, falecido no dia 18 de junho.
“Hoje, 18 de julho de 2009, é um dia triste para a ciência brasileira, para a genética brasileira. Faleceu um de seus maiores mestres. Ernesto Paterniani se confunde com a historia da genética do país, se confunde com a historia da genética do milho brasileiro.
Integrante da maior escola brasileira de genética vegetal, na Esalq, em Piracicaba, escreveu na história da ciência brasileira em mais de meio século os fundamentos que conduziram a agricultura brasileira ao crescente sucesso que ela experimenta hoje. Sua maior virtude, entretanto, foi sua probidade, sua retidão de caráter, seu exemplo de homem público.
Quando nos conhecemos, eu voltava da Califórnia no final dos anos setenta, e um amigo comum também já falecido – Maury Miranda -, fez uma aposta com o Ernesto que eu faria um feijão rico em metionina em cinco anos. Quem perdesse pagaria um jantar para o outro. A tarefa era muito mais difícil do que o Maury pensava. Perdi a aposta. O Ernesto, entretanto, disse do alto da sua magnanimidade: “compreendi que é só uma questão de tempo, por isso não quero receber”.
Só agora, quando aprendemos o bastante para fazer engenharia genética de leguminosas no Cenargen e o Diógenes Santiago Santos sintetizou a albumina da castanha, rica em metionina, eliminando domínios que respondem possivelmente pela alergenicidade da proteína, estamos chegando mais perto.
Na verdade, naquela época ele temia que não tivéssemos, com o advento de engenharia genética, recursos suficientes para o melhoramento genético. Depois se tornou um dos maiores defensores da engenharia genética, embora não tivesse diretamente trabalhado nesta área. Assim era o Ernesto. Gostaria de poder pagar a aposta para nos vermos mais uma vez.”