pt_BR
Ciências Químicas | MEMBRO TITULAR

Ohara Augusto

(AUGUSTO, O.)

29/01/1948
Brasileira
03/06/2002

Ohara Augusto, filha de Oswaldo Augusto e Anna Martinho Augusto, nasceu em São Paulo, Capital, aos 29 de janeiro de 1948. Teve seu interesse despertado para a Química durante uma aula de Ciências do antigo curso ginasial quando a dedicada professora procurava apresentar “o eléctron” aos jovens de 13-14 anos de um colégio estadual noturno (Colégio Estadual Oswaldo Catalano, São Paulo, SP). Aquele ente “abstrato” estimulou a imaginação da estudante. Essa fascinação aliada à possibilidade de obter uma qualificação profissional levou a estudante a optar por um curso profissionalizante para o segundo grau, o curso técnico de Química, na Escola Técnica Oswaldo Cruz. Não aproveitou tanto o curso mas, novamente, na hora do vestibular, optou pelo curso de Química.
Ingressou no curso de Química, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, IQ/USP, em 1967. Foi todavia, uma estudante apenas média durante o curso. Os tempos eram agitados, a estrutura do curso era muito rígida e havia a necessidade econômica. Esses fatores, a levaram a lecionar Química no secundário durante o período noturno (1969/1971) ao invés de pesquisar nos laboratórios do Instituto. Ao obter o grau de Bacharel, todavia, ainda acreditava que sua vocação era a pesquisa científica e optou pela pós-graduação. Conhecia pouco os trabalhos desenvolvidos no Instituto mas teve a sorte de ser amiga pessoal do Prof. Francisco G. Nóbrega que a aconselhou a procurar o Prof. Giuseppe Cilento.
O Prof. Cilento aceitou orientar a estudante que, convivendo com um efetivo Mestre, passou da vocação científica pressentida para a real. Começou a pós-graduação em 1972, pouco após a publicação de McCord e Fridovich (1969) descrevendo a função da enzima superóxido dismutase. Assim, desde o início, procurou compreender o papel de radicais livres e oxidantes em Biologia. Sua tese de doutorado, defendida em dezembro de 1975, abordou os “Efeitos de difenóis sobre alguns processos oxidativos”.
Desde então, a Profa. Ohara Augusto desenvolveu sua carreira científica, estagiando como pós doutor em laboratórios de excelência no Brasil (Dr. Giuseppe Cilento, 1972/1977) e nos Estados Unidos (Dr. Lester Packer, 1979/1980; Dr. P. R. Ortiz de Montellano, 1980/1982). Foi contratada como Professor assistente doutor no Departamento de Bioquímica do IQ/USP em 1977. Retornando do pós-doutoramento (1980/1982) ao Brasil, montou um laboratório de ressonância paramagnética eletrônica (EPR) no IQ/USP, em conjunto com a Profa. Shirley Schreier. Desde 1987, esse laboratório vem sendo mantido, renovado e utilizado por pesquisadores do Brasil e da América do Sul. Paralelamente, a Profa. Augusto tem sido capaz de atrair estudantes talentosos, colaborar com pesquisadores da América do Sul e auxiliar na organização de Congressos Nacionais e Internacionais relacionados a área de radicais livres. Até o presente (2002), a Profa. Augusto formou oito Doutores e três Mestres.
Os trabalhos científicos realizados pela Profa. Ohara Augusto contribuíram para ampliar o conhecimento sobre a produção e o mecanismo de ação de oxidantes in vivo. Ela apresentou as primeiras evidências de que o citocromo P450 oxidava xenobióticos por mecanismos radicalares. Em seguida, demonstrou que ácidos nucléicos são alquilados por radicais livres e que esses processos podem ser relevantes em câncer. Mais recentemente, demonstrou que a oxidação de biotióis a radicais livres é uma conseqüência provável da formação de peroxinitrito em células. Esses trabalhos recentes contribuíram para colocar em foco oxidantes que eram praticamente ignorados em Biologia até a década de 90 como o peroxinitrito, o dióxido de nitrogênio e o ânion radical carbonato. Compreender a bioquímica dessas espécies será essencial para avançar na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças crônicas associadas a uma superprodução de óxido nítrico.