Interação do óxido de grafeno com metais poluentes potencializa os efeitos da toxicidade em peixes

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Em artigo publicado na última edição da revista científica internacional Chemosphere, pesquisadores brasileiros comprovaram que a exposição combinada do óxido de grafeno (GO) com o Zinco (Zn) e o Cádmio (Cd) potencializa os efeitos de toxicidade do Zn e do Cd em peixes.

O trabalho de Aline Zigiotto de Medeiros e Francine Côa, do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo, foi co-coordenado pelo Acadêmico Oswaldo Luiz Alves, do Laboratório de Química do Estado Sólido da Universidade Estadual de Campinas (LQES/Unicamp); Diego Martinez, do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano); e Edison Barbieri, também do Instituto de Pesca.

Estrutura representativa do óxido de grafeno (GO). Imagem: LQES

O óxido de grafeno faz parte de um conjunto de novos materiais de tamanho nanométrico e bidimensionais. Devido à essas características, ele pode interagir com o meio ambiente de forma ainda pouco conhecida e potencializar o efeito tóxico de contaminantes.

Suas nanopartículas são empregadas frequentemente na indústria e podem ser encontradas em ecossistemas aquáticos poluídos, bem como os íons de Cádmio e Zinco. Na pesquisa dos cientistas brasileiros, o objetivo foi avaliar os efeitos subletais – quando não é suficiente para levar à morte – do GO e seu efeito combinado com os íons de Cd e Zn, no metabolismo do peixe nativo Cará (Geophagus iporangensis).

O peixe Cará (Geophagus iporangensis). Foto: Aline Zigiotto de Medeiros

Os peixes foram expostos a diferentes concentrações de GO, Zn e Cd, e a hipótese de potencialização dos efeitos do Zinco e do Cádmio pelo óxido de grafeno foi confirmada. O Acadêmico Oswaldo Luiz Alves explica que o GO pode funcionar como um “cavalo de Troia”, pois quando lançado no ambiente altera o efeito de compostos químicos estranhos a um organismo ou sistema biológico.

A colaboração entre os três laboratórios, que já existe desde 2013, agora segue por meio de estudos adicionais para compreender as rotas metabólicas de diferentes nanomateriais e contaminantes e quais seus eventuais efeitos danosos na biota brasileira.

(Manuella Caputo para Ascom ABC)