Renomados pesquisadores em mudanças climáticas alertam para a relação cada vez mais consistente entre as emissões dos gases de efeito estufa e o aquecimento global. Seca severa e duradoura e chuvas cada vez mais violentas, tidos como eventos extremos ou extremos climáticos, têm ocorrido em frequência cada vez maior em períodos muito curtos.
O agravamento das mudanças do clima descortina a vulnerabilidade de cada região. Até pouco tempo, no glossário meteorológico, o foco esteve voltado para a ideia de mitigação, e, atualmente, a “adaptação” às mudanças climáticas passou a compor o repertório dos especialistas em clima. Principalmente em relação à resiliência das áreas urbanas. De acordo com Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências e referência nos estudos sobre floresta amazônica, a cidade de São Paulo é um laboratório, além de um exemplo dos prejuízos que o desequilíbrio ambiental traz para a cidade. “Nós deixamos de lado a preocupação às mudanças climáticas que já estão ocorrendo”, adverte.
Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física (IF) da USP, comenta que mudanças climáticas drásticas observadas nos ecossistemas amazônicos também têm ocorrido ao longo da costa brasileira. “O mesmo acontece no pampa gaúcho e no nordeste brasileiro, onde observamos a maior seca dos últimos 200 anos”, diz.
Estes temas, além da importância e situação das florestas tropicais e do uso de energias renováveis, foram discutidos na quinta Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas, no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, nos dias 5 e 6 de junho. O climatologista Tércio Ambrizzi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), e um dos organizadores do evento, ressaltou a importância desse tipo de reunião. “Cabe a nós, cientistas, trazer os tomadores de decisão para que saibam o estado da arte das mudanças climáticas”, diz.