O interior do Rio Grande do Sul é uma das mecas do estudo dos seres vivos pré-históricos no Brasil — e acaba de ganhar mais um astro da Era dos Dinossauros. O bicho em questão é o Bagualosaurus agudoensis, membro do grupo dos sauropomorfos. As figuras mais icônicas entre esses dinos são as criaturas gigantescas, pescoçudas e herbívoras que as pessoas chamam popularmente de “brontossauros”; sim, você já brincou com um modelo de tais bichos quando era criança que eu sei, vai.

max-langer-foto.pngDescrito pelo trio Max Cardoso Langer (USP de Ribeirão Preto), Flávio Pretto (Universidade Federal de Santa Maria) e Cesar Schultz (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o bicho ganhou esse nome porque um dos significados da palavra “bagual” em gauchês é “grandalhão” e porque ele é natural do município de Agudo. (Aqui no interior paulista a gente chama de “baguá”, “baguazão” o sujeito meio abobalhado. Viva a diversidade do português brasileiro.) Não se trata do primeiro fóssil importante a ganhar o nome “agudoensis“, aliás – há também o Sacisaurus agudoensis.

Grande, “bagual”, de fato o bicho era — ao menos para o período em que viveu, o Triássico, há uns 230 milhões de anos. Estima-se que passasse dos 2,5 metros de comprimento, o que, se não é nada perto das dezenas de metros que os sauropodomorfos acabaram alcançando com o tempo, é bem mais que a dos demais dinossauros seus contemporâneos, em geral bichos de tamanho modesto.

Seu outro diferencial é a especialização para se alimentar exclusivamente de plantas — de novo, em contraste com outros dinos primitivos, que eram onívoros, alimentando-se tanto de vegetais quanto de pequenos vertebrados e invertebrados. Em suma, quem quiser entender a origem dos dinossauros precisa beber um pouco de chimarrão no habitat natural de maragatos e chimangos.

Mais detalhes sobre a anatomia e a biologia do animal aparecem em artigo na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society.