lateral3.jpgO Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), em parceria com a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) lançou nesta semana o relatório “A Matemática Brasileira 2018”. A publicação, disponível em inglês, traz um panorama da matemática no país e conta sua evolução ao longo das últimas décadas, mostrando o progresso alcançado no ensino fundamental, na graduação, na pós-graduação, nas pesquisas realizadas no Brasil e por meio de cooperação internacional, bem como sua importância no cenário mundial.
Entre os destaques do documento, está a evolução da importância mundial das pesquisas na área de matemática realizadas no país: em 1986, 530 artigos internacionais eram de autoria de pesquisadores brasileiros; em 2016, o número saltou para 2349, quase cinco vezes mais. A proporção de artigos de matemática com autoria de brasileiros passou de 0,7%, em 1986, para 2,35% em 2016.
Outro destaque do documento é a ampliação do número de pesquisadores na última década: de 677 doutorandos em 2007, para quase 1140, em 2016 – um aumento de 68%.
A participação das mulheres também foi ressaltada. Como relembra o relatório, a primeira brasileira a obter um título de doutora em matemática foi Marília Chaves Peixoto, em 1948. Hoje, 42% dos estudantes que ingressam na graduação em matemática são mulheres, e entre os que concluem, elas são quase a metade: 48%. Na pós-graduação, elas são 27% entre os que obtêm o título.
Segundo o Acadêmico e diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, a motivação imediata da publicação é documentar a candidatura do Brasil ao grupo de honra da União Matemática Internacional, comunidade organizada em cinco grupos, em função do seu desenvolvimento na área. Atualmente, o Brasil está no grupo 4 e visa passar para o 5, onde estão cerca de uma dezena de países mais avançados, como EUA, França, etc..
Viana explica a importância do relatório para as ambições do Brasil: “O documento visa convencer os demais países de que merecemos pertencer a esse grupo de elite mundial. Mas, às vésperas do Congresso Internacional de Matemáticos 2018 (ICM 2018, na sigla em inglês), também era o momento certo de fazer um balanço dos 60-70 anos de existência da pesquisa matemática no Brasil. Daí o documento”.
O ICM 2018 será realizado no Rio de Janeiro, de 1 a 9 de agosto, e esta é a primeira vez, em mais de 120 anos, que o país sedia o evento. “Quando começou a serem organizados os ICM’s, em 1897, o Brasil não existia em termos científicos”, conta o diretor do Impa. “A realização do primeiro Colóquio Brasileiro de Matemática em 1957 representa o ponto de partida da caminhada que culmina agora, com a realização do Congresso no Rio de Janeiro, em agosto de 2018”, diz.
Popularização
O estudo é divulgado em meio às atividades do Biênio da Matemática 2017-2018, um movimento nacional instituído por lei em favor da melhoria do ensino e do aprendizado da disciplina no Brasil, que tinha dois grandes objetivos complementares: primeiro, realizar no Brasil a Olimpíada Internacional de Matemática 2017, ocorrida em julho do ano passado, no Rio de Janeiro.
O outro objetivo é tirar proveito dessa circunstância histórica para disseminar a matemática na sociedade, popularizar, apresentá-la como ela é. “Por isso, também” – explica Viana – “temos estado tão ativos na esfera da comunicação, levando a matemática até a sociedade como um todo. Queremos gerações de crianças e adultos que entendam e curtam a matemática, e não que tenham medo dela. A matemática é indispensável para a realização cidadã e o desenvolvimento nacional”, vaticina o diretor do Impa.
O Festival da Matemática, realizado pela primeira vez em abril de 2017, é emblemático desse esforço. O evento contou com 18 mil visitantes ao longo de quatro dias, relacionando matemática, diversão e entretenimento. Para Viana, “esse sentimento deverá ser o grande legado do Biênio da Matemática”.
O diretor do Impa torce para que esses acontecimentos destaquem o país ainda mais no radar internacional e, junto à medalha Fields – principal condecoração no campo da matemática – conquistada pelo brasileiro Artur Ávila em 2014, alcem o Brasil ao grupo 5 da União Matemática Internacional.
Para ler o documento, acesse A Matemática Brasileira 2018.