
Cães e camundongos com degeneração muscular foram alvo do estudo. Neles, foram injetadas células-tronco adultas de tecido adiposo e de cordão umbilical. Este tipo de célula tem o potencial de formar diferentes tecidos do corpo. Por isso, o objetivo esperado era a formação de células musculares nos animais. “Tivemos resultados positivos em camundongos com distrofia e nos cães também. Mas a amostra analisada ainda é muito pequena. Temos que aumentá-la”, afirmou Mayana.
Durante o fórum, a geneticista chegou a mostrar imagens de cães que tinham dificuldades para andar e que, após receberem a injeção com células-tronco, passaram a se movimentar com mais facilidade e até a correr. De acordo com Mayana, apesar de os animais terem recebido células-tronco oriundas de tecido humano, não houve rejeição do organismo deles.
A pesquisadora pretende, em breve, injetar células-tronco num camundongo portador da ELA. Um dos complicadores do experimento, porém, é que, uma vez injetadas as células-tronco, os cientistas não conseguem controlar se elas vão se transformar em músculo ou em osso.
Proteína é foco de estudo
A ELA é uma doença causada pela morte dos neurônios motores. Os pacientes com ELA sofrem com crescente dificuldade de realizar movimentos e atrofia muscular que, em média, após 3,5 anos, leva à morte. Ainda não há tratamento para a doença.
Outro estudo do Centro de Genoma da USP constatou que, em pacientes com um tipo de ELA – a ELA8 -, uma proteína chamada VAPB aparece em quantidade reduzida. Segundo o cientista da USP Miguel Mitne Neto, responsável pelo estudo, há indícios de que portadores de outros tipos de ELA também possam ter deficiência dessa proteína. “Talvez a VAPB seja o ponto chave para desencadear a doença”, afirmou Mitne Neto.
A contínua morte dos neurônios motores – responsáveis pela transmissão de impulsos nervosos que possibilitam aos músculos executarem movimentos – caracteriza a ELA. Os cientistas, no entanto, ainda não sabem o motivo disto.
No Japão, pesquisadores publicaram, há cerca de um mês, estudo em que relataram ter conseguido fazer com que neurônios motores de camundongos com ELA voltassem ao normal após o uso de um medicamento. Não houve ainda teste clínico em humanos.
“Isso é um passo muito importante de tratamento, porque, se a droga funciona em cultura, o próximo passo é testá-la em pacientes. Aparentemente, eles recuperaram os neurônios, mas numa forma hereditária de ELA (que representa 10% do total dos casos da doença). A gente não sabe se funcionaria em todas as suas formas”, explicou Mayana.