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Ciências da Terra | MEMBRO TITULAR

Koji Kawashita

(KAWASHITA, K.)

27/03/1937
Brasileira
05/03/1997
04/06/2020

Koji Kawashita, paulista de Guaimbé – SP, é o filho mais velho de Kameo e D. Haru. Sua biografia pode ser confundida com o histórico do desenvolvimento da moderna geocronologia no Brasil. A instalação do primeiro laboratório de geocronologia na América do Sul, iniciada em fins de 1963, ocorreu graças à iniciativa encetada pelo Prof. Dr. John Reynolds da Universidade da Califórnia e ao apoio do Prof. Dr. Victor Leinz (in memoriam), Professor Catedrático e Diretor do Departamento de Geologia da antiga FFCL/USP, na época, que para tanto compôs uma equipe multidisciplinar, a qual teve a grande honra de incorporar, contando também o atual acadêmico Umberto G. Cordani, além de três técnicos – Cláudio Comerlatti, Jaime Bizarro e Donato de Páscoa. O primeiro espectrograma de argônio foi obtido em dezembro de 1963, e, desde então de forma ininterrupta o laboratório de geocronologia (atualmente Centro de Pesquisas Geocronológicas do IG/USP) tem produzido datações K/Ar, além de outras por metodologias como Rb/Sr, Sm/Nd, Pb/U e Pb/Pb que foram sendo implantadas no decorrer dos anos. Implantação de novas metodologias e, principalmente, a continuidade operativa deve-se à dedicação do físico Kawashita que durante vários anos, pelo menos até 1987, foi responsável direto pela operação e manutenção de todo o acervo de equipamentos do CPGeo. O ano de 1987, constitue um importante ano de transição, quando entra em operação, no novo edifício, o primeiro espectrômetro de fonte sólida totalmente automatizado, e em decorrência, uma mudança sensível na sistemática operativa do Centro.
Pela primazia de ter participado na criação do primeiro laboratório na América do Sul, o Prof. Kawashita teve, e tem até hoje, destacada participação na criação de novos laboratórios, não só no país (UFPA, UFRN e UFRGS) como no exterior (Argentina, Chile, Venezuela e Portugal). A importância e as atividades múltiplas do Centro, que tem enveredado nos últimos anos no campo de isótopos estáveis e também em determinações radiocarbônicas propiciadas pela iniciativa do Prof. Dr. Mebus Geyh do Serviço Geológico da Alemanha, podem ser avaliadas através de cerca de 500 trabalhos publicados e através de, pelo menos, 200 pesquisadores visitantes ao Centro.
A despeito de sua função na equipe, mais de geocronometrista do que propriamente de geocronólogo, consta em seu Curriculum, participação em pelo menos 220 trabalhos divulgados e publicados, sendo 38 deles no exterior, além de participação em 3 livros. Maioria dos trabalhos envolve geocronologia, mas as publicações de natureza didatica e técnica, em um total de 19, são igualmente importantes por envolverem descrições de técnicas ou métodos, do correto uso de dados e “upgrading” de vários equipamentos que têm servido como uma espécie de guia a todos os pesquisadores e estagiários do CPGeo, nos últimos anos.
Sua dedicação à geocronologia é um dos exemplos de operosidade para todos, como foram os seus pais na agricultura que, devido a vicissitudes, incentivaram seus oito filhos a estudarem. A mãe, D. Haru, que lutou por todos eles até 5 de julho de 1988, só resta registrar aqui o carinho e a saudade do marido e de todos eles, especialmente do acadêmico ao qual foi propiciada esta chance.