*Texto original do Valor Econômico
Que direção devemos seguir em uma era cada vez mais digital, em que nós, humanos, passaremos a interagir e trabalhar lado a lado com máquinas inteligentes? Esta é uma das grandes questões do nosso tempo. A inteligência artificial (IA) é antiga na literatura e no cinema. Agora é a vez da religião. Em sua primeira reunião com os cardeais, o Papa Leão XIV “chegou chegando”. Destacou a IA como um dos maiores desafios atuais, especialmente no que diz respeito à dignidade humana, justiça e trabalho — alinhando-se à visão de seus antecessores, o Papa Francisco e o Papa Leão XIIII, cuja encíclica Rerum Novarum ecoa até hoje.
A inteligência artificial não é boa nem má, mas tampouco é neutra – como toda tecnologia. As tecnologias emergentes como a IA provavelmente terão impactos tanto positivos quanto negativos na sociedade. A pergunta que surge à luz do documento Antiqua Et Nova é: quais as ações devem ser tomadas para que a IA beneficie as pessoas e os bens públicos nacionais e globais. Quais valores humanos e sociais devem ser preservados e priorizados? A alternativa é a situação atual: liberdade para a atuação das big techs, movidas pela lógica natural dos negócios: rentabilidade, produtividade e fatias de mercado.
O futuro com a inteligência artificial será muito diferente de tudo o que já vivenciamos. Basta observar o que já está ocorrendo na pesquisa médica, na comunicação e informação e até em processos sociais e humanos, como a formação de jovens e adolescentes. Seus efeitos dependerão, em última instância, das escolhas que fizermos ao projetar, implementar e usar essa tecnologia. As decisões e ações que tomarmos hoje moldarão o amanhã. Essa responsabilidade se estende a todos os setores da sociedade — governos, iniciativa privada, universidades e o público em geral.
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