*Texto original de Samuel Fernandes para a Folha de S. Paulo.
Com uma carreira sólida em ciência da computação, Virgílio Almeida não imaginou, anos atrás, que iria enveredar em uma discussão política sobre como algoritmos influenciam nossa vida atual. No entanto, é isso que ele e os cientistas políticos Ricardo F. Mendonça e Fernando Filgueiras propõem no livro “Política dos Algoritmos – Instituições e as Transformações da Vida Social”, editado no Brasil pela UBU.
Almeida é professor emérito de ciência da computação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em 2011, ele foi convidado pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) para ser secretário de Políticas de Informática. Na posição, atuou no desenvolvimento de incentivos para a produção brasileira no setor tecnológico e no estabelecimento de boas práticas na gestão da internet.
A associação da ideia de instituições e algoritmos é evidente já que essas tecnologias também moldam grande parte da vida contemporânea. Algoritmos têm a capacidade de definir desde atividades mais rotineiras, como qual música é recomendada para alguém em aplicativos de músicas, até influenciar resultados de eleições.
A partir dessa percepção de que algoritmos funcionam como instituições, o livro perpassa diferentes debates. Um deles é a ideia que essas tecnologias são sistemas sociotécnicos, ou seja, algoritmos não são só dispositivos tecnológicos. Eles funcionam a partir da interação com humanos. É nesses contatos que influenciam diferentes elementos da vida em sociedade e modificam seus próprios funcionamentos, já que algoritmos são reconhecidos pela sua alta volatilidade de operação e falta de transparência de como atuam.
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