No Pavilhão Planetary Science da COP30, apoiado pela Finep, a Acadêmica Ima Vieira, ecóloga, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e assessora da presidência da Finep, trouxe uma reflexão importante: como evitar que os projetos de restauração florestal da Amazônia repitam os mesmos erros que causaram a destruição?

Ima Vieira alertou sobre os riscos de aplicar na restauração o mesmo modelo que devastou a floresta: foco em produção em larga escala e focada apenas em carbono, apoio para grandes empresas e tecnologias impostas que ignoram quem vive ali. “Os resultados desse caminho são conhecidos: degradação ambiental, conflitos por terra, enfim, situação em que poucos se beneficiam“, afirmou.
A proposta apresentada por ela de Restauração Biocultural coloca as comunidades locais no centro do processo. A ideia é simples: mais de 5 milhões de florestas de áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas) sofreram com incêndios florestais em 2023 e 2024. Nos territórios coletivos, quem sofreu com o problema e conhece a floresta deve liderar sua recuperação. Isso significa valorizar o conhecimento de quem sempre viveu ali, e estruturar projetos com apoio da ciência e tecnologia para restaurar essas áreas e garantir que os benefícios fiquem com as populações locais.
Ima Vieira enfatizou que a restauração deve partir da realidade local. “Não se trata de importar soluções prontas, mas de apoiar o que já existe e funciona nas comunidades. São essas economias e práticas tradicionais, muitas vezes invisíveis, que mantêm a floresta viva há gerações.”, ressaltou a ecóloga.
A mensagem central de sua abordagem foi direta: comunidades devem participar das decisões, as políticas públicas de restauração devem focar nesses grupos sociais, seus conhecimentos precisam ser respeitados e os benefícios devem permanecer no território. Para Ima VIeira, “só assim é possível restaurar não apenas as árvores, mas todo o sistema de vida que faz da Amazônia o que ela é.”