Leia matéria de Fábio Victor para a Folha de S. Paulo, publicada em 19 de outubro:
Desde que os Estados Unidos anunciaram o interesse em minerais estratégicos do Brasil, e mais ainda quando o governo sinalizou disposição em incluir o setor num acordo para atenuar a guerra tarifária imposta pelos americanos, o químico Gilberto Fernandes de Sá, [membro titular da Academia Brasileira de CIênicas (ABC)] não tem conseguido dormir direito.
Há décadas um dos principais pesquisadores do país em terras raras – conjunto de 17 elementos químicos de difícil extração e refino usados para produzir ímãs essenciais à fabricação de carros elétricos, turbinas eólicas e outros produtos tecnológicos relacionados à transição energética e à defesa–, Sá critica a estratégia brasileira para o setor.
Para ele e outros acadêmicos que também dedicaram a vida a esse tema, como Osvaldo Serra (USP) e Oscar Malta (UFPE), o país negligenciou as terras raras desde os anos 1960 e deveria, em vez de negociar com os EUA, buscar uma parceria com a China, mais desenvolvida na área e única que domina a tecnologia de separação e refino de terras raras.
Professor emérito da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Gilberto Sá foi um dos fundadores do Departamento de Química Fundamental daquela instituição, na qual criou, em 1973, o laboratório de terras raras BSTR. Foi secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia na gestão de Roberto Amaral (governo Lula 1).
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