Leia matéria de Roberta Jansen para o Estadão, publicada em 7/10:
O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi concedido para três pesquisadores que atuam nos Estados Unidos – John Clarke, Michel Devoret e John Martinis -, anunciou a Academia Sueca na manhã desta terça-feira, 7. Os trabalhos desse trio pavimentaram caminhos para revolucionar a tecnologia quântica, incluindo computadores e sensores quânticos.
Conforme a organização do prêmio, eles foram homenageados pela descoberta do “tunelamento mecânico quântico macroscópico e da quantização de energia em um circuito elétrico”. Isso foi possível graças a experimentos feitos na Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA), em meados dos anos 1980, com um circuito eletrônico construído com supercondutores, componentes que podem conduzir uma corrente sem resistência elétrica.

A mecânica quântica permite que uma partícula se mova diretamente através de uma barreira, em processo chamado tunelamento. Os experimentos dos ganhadores do Nobel demonstraram as propriedades da mecânica quântica em uma escala macroscópica.
“Esse Nobel mostra que a física quântica saiu do mundo invisível dos átomos e entrou no mundo das tecnologias do dia a dia”, resumiu o físico brasileiro José Rafael Bordin, professor associado da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Os laureados provaram que efeitos quânticos — que antes pareciam restritos a partículas microscópicas — também podem aparecer em circuitos do tamanho da palma da mão. Isso é extraordinário porque abriu caminho para os computadores quânticos, capazes de resolver problemas impossíveis para máquinas tradicionais, e para sensores de altíssima precisão, que podem revolucionar áreas como medicina, segurança de dados e exploração espacial.“
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“É um daqueles momentos em que a fronteira entre ciência fundamental e aplicação tecnológica se dissolve: o que parecia apenas teoria se transforma em ferramentas que vão moldar o futuro”, resumiu José Rafael Bordin. Segundo o físico brasileiro, já há grupos de pesquisa de excelência nestas áreas no Brasil, mas ainda são necessários investimentos mais consistentes em infraestrutura e em formação de recursos humanos.
“Se quisermos participar dessa revolução, é fundamental fortalecer a ciência básica, incentivar colaborações internacionais e criar pontes entre universidades, empresas e o setor público”, afirmou o brasileiro. “Só assim poderemos não apenas consumir, mas também produzir tecnologias quânticas no país.”
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