A plenitude como professora

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Diana Sasaki Nóbrega

A matemática Diana Sasaki Nóbrega, membra afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) eleita para o período 2025-2029,  sempre se imaginou à frente de uma sala de aula. Inspirada por exemplos de mestres na escola e na família, a ideia de ser professora era algo que vinha naturalmente. Mas, ao contrário do que imaginava quando pequena, o destino lhe reservaria dar aula para adultos, e não crianças. 

Carioca, Diana teve uma infância ativa de brincadeiras e práticas esportivas. Na escola, o gosto pela matemática se manifestou desde cedo graças ao exemplo de suas primeiras professoras. Já no ensino médio novos gostos foram surgindo, e com eles novas dúvidas. “Eu gostava muito de dançar, então fiquei na dúvida entre ser dançarina de Salão ou professora de matemática. Mas percebi que eu seria plena como professora e poderia continuar dançando livremente”, conta. 

Nessa época, Diana estudava no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde teve seu primeiro contato com a universidade e com a pesquisa. Antes mesmo de entrar na graduação ela já havia feito Iniciação Científica Júnior no Instituto de Física da universidade. Logo, quando chegou a hora do vestibular, a escolha pela instituição não chegou a ser novidade. Em 2005 Diana ingressou no Instituto de Matemática da UFRJ e lá passou seus próximos três anos. 

A Acadêmica permaneceria na universidade para sua pós-graduação, mas com uma leve mudança de área. Saindo da matemática pura, Diana ingressou no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, a Coppe/UFRJ, para mestrado e depois doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação. Seu tópico de concentração seria Algoritmos e Combinatória, sob orientação conjunta das professoras Celina de Figueiredo, também Acadêmica, e Simone Dantas. Durante o doutorado, teve a oportunidade de passar um ano no Laboratório G-SCOP de Grenoble, na França, sob orientação de Myriam Preissmann. “Essas três professoras me ensinaram, de formas diferentes, como ser uma pesquisadora responsável e dedicada”. 

A principal área de atuação de Diana é a Matemática Combinatória, pesquisando problemas da Teoria dos Grafos. “Isso se aplica a problemas de conflitos da vida real como melhores rotas para transportes ou alocação de professores em sala de aula”, exemplifica. Um dos clássicos exemplos para imaginarmos questões combinatórias é o problema do caixeiro-viajante. Esse mercador medieval precisava calcular qual a rota mais eficiente para que ele passasse apenas uma vez em cada uma das cidades por onde vendia. À primeira vista parece simples, mas a complexidade do problema aumenta exponencialmente conforme adicionamos cidades. Se tivermos uma dezena de cidades, já é o suficiente para que só a computação seja capaz de nos dar a resposta mais econômica. 

Após o doutorado, Diana ainda fez um ano e meio de pós-doutorado, na UFRJ e na Universidade de Paris-Dauphine. Em 2015 ingressou como docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde hoje é professora associada do Departamento de Matemática Aplicada do Instituto de Matemática e Estatística (IME), professora permanente e coordenadora adjunta do programa de Pós-Graduação em Ciências Computacionais e Modelagem Matemática e professora permanente do programa de Especialização em Aprendizagem Matemática, além de editora chefe da revista Cadernos do IME, série Matemática.

Mas a Uerj não é a única sala de aula onde sua vocação se mostra, já tendo atuado como tutora no Centro de Ciências e Educação Superior a Distância (Cederj) e em projetos do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) voltados a formação de professores para a educação básica. “Eu adoro ensinar, quanto maior a turma, mais animada eu fico! Me sinto útil na vida dos alunos, tento sempre ajudá-los a definir a carreira, a ter uma boa cabeça nas horas difíceis. Me sinto muito feliz em poder ajudar e é gratificante ver que consegui fazer diferença na vida de alguém”, conta. 

Agora na ABC, Diana foi às lágrimas com a notícia de sua eleição, num misto de surpresa e alegria. “Sinto que sou mais ainda representante das mulheres cientistas, representante da Uerj e da matemática do Rio de Janeiro. Sei que é muita responsabilidade e pretendo divulgar pesquisa das diversas formas possíveis, continuando a formar e incentivar meus alunos para que um dia eles possam conquistar tudo que quiserem!”. 

(Marcos Torres para ABC, 18/09/2025)