Presidente da ABC participa de debate da Associação Brasileira de Avaliação Educacional

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No dia 10 de setembro, a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, participou do último dia da XIII Reunião da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (ABAVE). Nader integrou a mesa Modelos de Expansão da Educação Superior no País, junto ao ex-presidente da Capes, Abílio Baeta Neves; o economista e professor do Insper Naércio Menezes Filho; o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Roberto Curi; o presidente do Inep, Manuel Palácios; e a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC, Marta Abramo.

O moderador da mesa, Luiz Curi, abriu as discussões com uma provocação. Para ele, existe um processo de “reprodução assexuada” de matrículas na educação superior, a maior parte no setor particular, mas que não caminha junto com padrões de qualidade capazes de garantir emprego e renda para os graduandos. Dessa forma, é preciso que as políticas de avaliação e regulação “não se contentem em apenas impor limites às instituições, mas devem ter regras que façam expandir e atender demandas do emprego, sobretudo associado à inovação”, refletiu.

O presidente do Inep, Manuel Palácios, defendeu o movimento do instituto em criar provas mais especificas de avaliação dos formandos dentro da esfera do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), como já ocorre para a medicina e para as licenciaturas. Ele também lembrou que, das 10 milhões de matrículas no ensino superior, 4 milhões estão em cursos tecnológicos profissionalizantes. “Há uma clara demanda por eficiência no ensino superior, precisamos responder a isso”, afirmou.

Para a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do Ministério da Educação (MEC), Marta Abramo, o desafio não é mais expandir as universidades, mas ocupar as vagas que já existem. São mais de 24 milhões de vagas autorizadas para apenas 4,5 milhões de ingressantes por ano. “44% dos brasileiros entre 18 e 25 anos completaram o ensino médio e não buscaram uma universidade. Precisamos trazê-los”, afirmou

Outro fenômeno recente é o crescimento do Ensino à Distância (EaD). Atualmente, esse já é o modelo escolhido por metade dos matriculados no ensino superior brasileiro, em sua maioria em instituições privadas. Esses cursos são uma alternativa viável, sobretudo para pessoas que decidem ingressar no ensino superior mais tardiamente. É papel do Estado responder à essa demanda garantindo qualidade.

O economista Naércio Menezes Filho apontou que, desde 1980, o número de brasileiros com formação superior aumentou, mas a produtividade média do país não. Com base em dados do Inep, que acompanham a trajetória de alunos desde o ensino fundamental até o mercado de trabalho, observamos que alunos formados em universidades públicas tendem a ganhar 30% a mais do que aqueles apenas com ensino médio completo. No caso das universidades particulares esse aumento é de 17%, enquanto no EaD quase não há diferença. “O EaD é benéfico, sobretudo para as pessoas mais velhas, mas ele também absorve jovens que poderiam fazer o presencial e obter uma melhor formação”, alertou.

Nesse cenário de diversificação e busca por alternativas, a presidente Helena Nader, lembrou das recomendações trazidas pela ABC no documento Um Olhar sobre o Ensino Superior no Brasil. Entre outras coisas, a Academia sugere a criação de instituições voltadas exclusivamente para o ensino, com cursos mais curtos, nos moldes dos Community Colleges americanos. “Não queremos mexer nas universidades federais nem nos IFs, que também se tornaram universidades de pesquisa. Mas precisamos de cursos que supram demandas do mercado e depois se encerrem. Todos os cursos no Brasil são definitivos e o mundo não é assim”, defendeu Nader.

Assista à mesa-redonda a partir das 5h23m do vídeo abaixo:

(Marcos Torres para ABC, 15/09/2025)