Desenvolvendo novos medicamentos

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Cassio Santana Meira nasceu em Salvador, na Bahia, no ano de 1989. Teve uma infância feliz, jogando futebol e vídeo game, e colecionando figurinhas. Sua mãe era jornalista e sempre o incentivou nos estudos. O pai era autônomo e trabalhava com vendas. Tem uma irmã, três anos mais nova, que hoje é formada em direito.

Na escola, Cassio gostava de ciências, história e matemática. Assistia muitos documentários sobre o mundo científico, principalmente os relacionados à natureza. No ensino médio, seu interesse aumentou com as aulas específicas de biologia, quando desenvolveu grande interesse em temáticas relacionadas à evolução e às células-tronco. No último ano, assistiu uma palestra sobre esse tema que considera um marco decisivo para ter escolhido a biologia. “Achei incrível a possibilidade de trabalhar com algo que teria um impacto direto na saúde das pessoas”, recordou Cassio. Então, fez o vestibular e entrou para o curso de ciências biológicas na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Entrou na faculdade já convicto de que queria fazer pesquisa e buscou a iniciação científica de imediato. “Recebi muitos ‘nãos’ no processo. Diziam que eu era muito novo, que não tinha experiência e que deveria tentar ingressar a partir do terceiro semestre”, relatou Cassio. No entanto, em uma seleção da Fiocruz a professora Milena Soares viu potencial nele e lhe deu a oportunidade de ingressar na IC no primeiro semestre de faculdade. “Ao todo, fiz quatro anos de IC. Trabalhei por três anos com terapia celular e um ano com farmacologia de antiparasitários”, contou Cassio. O Acadêmico destacou como exemplos em sua carreira nesse período as professoras Milena Soares, que além de ter lhe dado diversas oportunidades de aprender técnicas novas, ainda aprimorou sua escrita científica, e Elisalva Guimarães, que o acompanhava nos experimentos e o ajudou a desenvolver o raciocínio científico.

Seguindo seu interesse em pesquisa, Cassio Meira cursou o mestrado pelo programa de Pós-graduação em Biotecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), com área de concentração em farmacologia.

O período foi marcado por importantes conquistas: publicou seus primeiros artigos científicos e recebeu seu primeiro prêmio em um evento de grande relevância, o XLIX Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Foi também durante o mestrado que iniciou suas reflexões sobre a combinação de agentes antiparasitários e imunomoduladores para o tratamento da forma cardíaca da doença de Chagas, tema que mais tarde se tornaria o eixo central de seu doutorado.

No doutorado, optou pelo programa de Pós-graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia), com área de concentração em farmacologia e imunologia. Com maior maturidade científica, ampliou suas linhas de pesquisa, passando a atuar na prospecção de agentes com potencial anti-inflamatório ou citotóxico. Nesse período, publicou mais de 20 artigos científicos e foi premiado em diversos eventos acadêmicos. O pesquisador destaca que o doutorado foi decisivo para a consolidação de redes colaborativas em âmbito nacional e internacional, o que lhe proporcionou a participação em múltiplos projetos e uma produtividade científica acima das suas próprias expectativas.

Atualmente, Cassio Meira é professor permanente do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e do Programa de Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa da Fiocruz-BA, além de pesquisador do Instituto de Tecnologia de Saúde do Senai-Cimatec, onde atua em projetos de desenvolvimento de novos testes diagnósticos e prospecção de fármacos com potencial antiparasitário, imunomodulador e citotóxico. “Trabalho com desenvolvimento de novos medicamentos para a doença de Chagas e doenças de natureza inflamatória. Nossa pesquisa tem aplicação direta para a população, pois muitas doenças inflamatórias e a doença de Chagas não possuem medicamentos eficazes e seguros para seu combate, tornando necessário aumentar o nosso arsenal terapêutico para combatê-las.”

Nesse processo de desenvolvimento da carreira, Meira coordena e participa de projetos captados com recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), da Financiadora e Estudos e Projetos (Finep), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Departamento Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial  (Senai DN), contribuindo de forma direta para a inovação na indústria.

“O que me encanta na ciência é a premissa de estarmos sempre buscando o novo, andando em um mar de incertezas, tentando trazer clareza para processos que ainda são difusos. Isso torna o trabalho desafiador e nada monótono”, declarou o Acadêmico. Para ele, o título de membro afiliado da ABC representa um reconhecimento de todo o esforço, sacrifícios, compromisso e dedicação que ele tem com a ciência. Cassio Meira diz que é uma honra e um grande marco na sua carreira de pesquisador. “Pretendo ser colaborativo com os meus pares e participar ativamente das discussões da Academia”, comprometeu-se. Quando consegue se desligar um pouco do mundo da ciência, o Acadêmico diz que gosta de praia, de mergulho, de filmes e de jogos de estratégia com os amigos.

(Elisa Oswaldo-Cruz para ABC)