Edeildo Ferreira da Silva Jr. nasceu em Garanhuns, no estado de Pernambuco, no ano de 1990.Teve uma infância livre, jogando futebol e bolinha de gude, andando de bicicleta, empinando pipa. O pai sempre foi funcionário público, trabalhando na Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope). A mãe cuidava da casa e dos dois filhos. “O mais novo hoje é engenheiro, formado na Universidade Federal de Pernambuco, em Caruaru”, contou Edeildo.
No colégio, gostava das aulas de ciências, no ensino fundamental, e de biologia e química, no ensino médio. Mas o fascínio pela ciência veio mesmo do cinema. Quando viu o personagem interpretado pelo ator Christopher Lambert no filme De Volta Para o Futuro, aos dez anos, decidiu que queria ser cientista.
Na época do vestibular, ficou em dúvida entre química e biologia, e inscreveu-se em dois vestibulares, em universidades diferentes. Foi aprovado para o curso de farmácia na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e foi morar em Maceió. No quinto período, Edeildo decidiu fazer iniciação científica (IC) e entrou num grupo de pesquisa focado em análise, controle e tratamento de água, onde passou 18 meses. Durante uma aula de química farmacêutica, enquanto o professor explicava como as modificações estruturais em moléculas eram realizadas, ele conta que se apaixonou pela área. Pediu uma vaga no Laboratório de Química Medicinal, ao qual está vinculado até hoje. “Quando entrei no laboratório e fiz minha primeira reação, num projeto focado em combate à diabetes, eu disse a mim mesmo: ‘É isso que quero fazer até o último dia da minha vida’”, relatou o Acadêmico.
No entanto, a vontade de seguir carreira acadêmica só despertou de fato durante o mestrado em ciências farmacêuticas, que cursou na mesma universidade. A dissertação de Edeildo Silva-Júnior foi sobre o planejamento, síntese e avaliação de potenciais inibidores de enzimas do parasito Trypanosoma cruzi, tendo sido orientado pelos professores João Xavier de Araújo Jr. e Thiago Mendonça de Aquino.
Seguiu então para o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia, com ênfase em química biológica e medicinal, tendo o professor João Xavier de Araújo Jr. como orientador. Nessa ocasião, teve a oportunidade de realizar um período sanduíche na Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, em Mogúncia, na Alemanha, onde trabalhou com o desenvolvimento de antivirais contra zika e dengue, orientado pela professora Tanja Schirmeister.
Ele considera que todos os professores que o orientaram foram importantes, alguns atuando como exemplos e outros, nem tanto – mas ainda assim, tendo alguma contribuição na sua formação pessoal e acadêmica. “O mais importante é que considero que sempre tive bons mentores, que me incentivaram ao máximo para continuar no caminho da pesquisa, sempre acreditando que eu poderia vir a ser um destaque no cenário nacional”, relatou Silva-Júnior – que é como assina seus artigos.
Na volta da Alemanha, o pesquisador fez um estágio de pós-doutorado na UFAL, trabalhando no desenvolvimento de peptidomiméticos visando atividade antiviral contra zika e dengue. Atualmente, Edeildo Ferreira da Silva Jr. é professor adjunto no Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). O Acadêmico explicou que a área de química medicinal é extremamente importante, pois é a ciência responsável pela criação de novos medicamentos, criando tratamentos para doenças de impacto global. “Minha área especifica foca na criação de novos medicamentos contra os vírus da zika, dengue e chikungunya.”
Na ciência, de modo geral, o que encanta Edeildo Silva-Júnior é a pluralidade de conhecimentos necessária à execução de projetos de pesquisa engajados em resolver problemas sociais impactantes. Dentro da linha de química medicinal, seu encantamento está no fato do pesquisador poder desenhar uma estrutura química no papel e, posteriormente, criá-la no mundo real por meio da síntese orgânica e verificar que ela possui atividade benéfica à saúde.
Silva-Júnior atuou como consultor Ad hoc em agências de fomento internacionais, como a French National Research Agency (ANR) e a Comisión de Ciencias Biológicas de Células y Moléculas, na Argentina. No Brasil, tem atuado como editor em importantes periódicos da área de química medicinal de alto impacto. Para ele, ser eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) é um reconhecimento de grande importância para sua trajetória científica. “Esse título não apenas valida a relevância do meu trabalho, mas também reforça meu compromisso com a excelência acadêmica e com a produção de conhecimento de impacto.”
Além disso, Silva-Júnior avalia que ser membro da ABC é uma oportunidade única de integrar um círculo seleto de pesquisadores, que contribuem ativamente para o avanço da ciência no Brasil e no mundo. “Minha atuação junto à Academia será pautada pelo engajamento em iniciativas que promovam a ciência, a inovação e a formação de novas gerações de pesquisadores”, declarou.
O Acadêmico afirmou que pretende colaborar em discussões estratégicas sobre o futuro da pesquisa no país, fomentar a interdisciplinaridade e atuar como uma ponte entre a ciência e a sociedade. “Além disso, buscarei contribuir para o fortalecimento das políticas científicas e tecnológicas, participando ativamente de debates e iniciativas da ABC que visem a valorização da ciência como motor do desenvolvimento nacional”, comprometeu-se o pesquisador.
Edeildo se diz caseiro e metaleiro: gosta de metal extremo, como Krisiun e Dyscarnate. Se interessa por literatura sobre histórias da criação de religiões, sobre casos reais de “assombrações” e afins, e gosta de filmes de terror e suspense. Sempre que pode, dedica seu tempo livre à esposa e à filha.