Nivan Roberto Ferreira Jr. nasceu em Recife, capital do estado de Pernambuco, no ano de 1988. Mudou-se algumas vezes na infância, mas sempre por perto, em cidades da região metropolitana de Recife. Junto com o irmão mais novo, teve uma infância alegre. Gostava de jogar futebol, assistir a desenhos animados e jogar videogame. Na escola, suas matérias favoritas sempre foram as relacionadas às ciências exatas, principalmente matemática.
Seu pai trabalhou como técnico da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) praticamente durante toda a sua vida profissional. A mãe se dedicou a cuidar dos dois filhos. “Meus pais sempre foram grandes incentivadores dos meus estudos e certamente foram o pontapé inicial e o suporte principal de toda minha carreira”, destacou Nivan.
Quando menino, já gostava de estudar, especialmente matemática e física. Tinha prazer no desafio intelectual de resolver problemas relacionados a essas disciplinas. No ensino médio, realizado no Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (Cefet-PE), Nivan e outros colegas com gostos similares foram incentivados por professores a participar de olimpíadas de conhecimento nessas áreas. “Eu ganhei duas medalhas de bronze na Olimpíada Brasileira de Física e uma medalha de ouro na primeira edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, a OBMEP”, contou o cientista.
Embora seus interesses iniciais fossem em matemática e física, Nivan foi atraído pela área de ciência da computação, curso que escolheu para seguir seus estudos. Durante toda a graduação, Nivan Ferreira foi estudante de iniciação científica (IC). No início, como aluno do Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME) para medalhistas da OBMEP e, depois, foi aluno de IC, com bolsa do CNPq, na área de equações diferenciais. “Eu sempre me vi como acadêmico. Na verdade, nunca pensei em fazer outra coisa que não fosse continuar na universidade e fazer pesquisa”, declarou Nivan.
A graduação e o mestrado ocorreram de maneira não convencional. O programa PICME previa que os alunos de graduação pudessem cursar o mestrado simultaneamente. Assim, Nivan Ferreira ingressou no Programa de Mestrado de Matemática da UFPE ainda durante a graduação em ciência da computação. Nesta época, suas principais referências estavam no Departamento de Matemática: os professores Francisco Brito, da iniciação científica do PICME; Miguel Loayza, seu orientador de iniciação científica após o período inicial no PICME; e Ramón Mendoza, seu orientador de mestrado, que foram fundamentais no início da sua carreira. “Além disso, o professor Sóstenes Lins, membro titular da ABC, foi uma grande influência nos meus estudos de matemática aplicada para computação”, relatou o Acadêmico.
Após a conclusão da graduação e do mestrado, Nivan Ferreira recebeu grande incentivo dos professores para fazer o doutorado no exterior, tendo sido aceito em dois programas de doutorado nos Estados Unidos: em matemática, na Universidade Purdue, e em ciência da computação, na Universidade de Utah. Acabou optando, novamente, pela computação e, em 2010, iniciou seu doutorado em ciência da computação na Universidade de Utah (Estados Unidos), sob orientação do professor Cláudio Silva. Após um ano, devido a uma mudança do grupo de pesquisa, transferiu seus estudos para a Universidade de Nova Iorque (NYU, na sigla em inglês). “Estudar na NYU foi um grande privilégio. Tive a oportunidade de conhecer e ter aulas com grandes nomes da matemática e da computação, como John Conway, Louis Nirenberg, Srinivasa Varadhan, Jeff Cheeger, Yann Lecun, Margaret Wright, Keith Ross, Ken Perlin e provavelmente outros que estou esquecendo, cujos nomes conhecia dos livros em que havia estudado”, observou Ferreira. Foi um período de trabalho intenso, no qual também conviveu com colegas brilhantes, muitos dos quais se tornaram seus colaboradores, até os dias de hoje.
Em 2015, Ferreira realizou estágio de pós-doutorado na Universidade do Arizona, nos EUA. Desde 2016, ele é professor adjunto do Centro de Informática da UFPE, e, em 2022, foi professor visitante na Universidade Paris-Saclay, na França. Sua área de pesquisa, visualização de dados, é interdisciplinar e voltada para o estudo e desenvolvimento de técnicas e ferramentas computacionais para converter dados brutos e complexos em representações visuais, para amplificar a cognição humana em tarefas de comunicação e assimilação dos dados. “Esta área combina conhecimentos de áreas como ciência da computação, design, estatística e psicologia cognitiva, com o objetivo de facilitar a compreensão de grandes volumes de informações, permitindo que usuários identifiquem padrões, tendências, anomalias e relacionamentos de forma rápida e intuitiva. Muitos dos meus trabalhos consistem em aplicações de técnicas de visualização de dados para o estudo de problemas urbanos, como estudos de mobilidade e planejamento de construções em arquitetura”, explicou Ferreira.
O encantamento que tem hoje com a ciência é o mesmo que tinha na infância: o desafio intelectual de ter ou de entender ideias, fenômenos, dados e aplicá-los para resolver problemas desafiadores. Além disso, também se encanta ao ver como o conhecimento gerado une pessoas do mundo todo em comunidades interessadas por problemas em comum.
Quanto à sua área de pesquisa, o que mais lhe chama a atenção é sua interdisciplinaridade e versatilidade, podendo ser aplicada em problemas de diversos domínios. “De fato, existem aplicações da visualização de dados em problemas de medicina, biologia, artes, linguagens, engenharias, dentre outros”, empolga-se o Acadêmico.
Para Nivan Ferreira, ter sido eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências é uma honra imensa e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. “Esse reconhecimento é um marco na minha trajetória e reflete não apenas o esforço pessoal, mas também o apoio inestimável de colegas, mentores e instituições que me acompanharam ao longo do caminho. É um momento de celebração, mas também de renovação do compromisso com a excelência e com o impacto positivo da ciência na universidade na qual eu trabalho, no Nordeste brasileiro e no nosso país”, afirmou.
Mas nem só de ciência vive o cientista. Nivan Ferreira cultiva alguns hobbies. “Gosto de tocar violão, ler ficção e de viajar, para conhecer novas culturas e lugares históricos”, concluiu.