O físico Luiz Davidovich, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor emérito da UFRJ, é o vencedor do Prêmio TWAS Apex 2025, uma das mais prestigiosas honrarias a cientistas de países em desenvolvimento. A premiação é concedida pela Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS), que faz parte da Unesco. Davidovich receberá o prêmio durante a 17ª Conferência Geral da TWAS, organizada em parceria com a ABC, no Rio de Janeiro.
Com a láurea, Davidovich receberá um prêmio de US$100 mil, além de uma medalha e um certificado. Em sua 20ª edição, o Prêmio TWAS Apex 2025 tem como foco a ciência e a tecnologia quântica, campo em rápida expansão. A escolha da área ocorre em meio às comemorações do Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica, proclamado pela Unesco como forma de celebrar o centenário dos desenvolvimentos fundamentais da mecânica quântica.
O prêmio destaca Davidovich “por suas contribuições a avanços teóricos e experimentos inovadores em ótica quântica e informação quântica, e por sua liderança mundial na área da ciência quântica”.
“Parabenizamos o Membro da TWAS Luiz Davidovich não apenas por suas pesquisas de grande impacto nesta área, mas também por seu compromisso em garantir que seus estudos beneficiem todas as pessoas, em todos os lugares”, disse a presidente da TWAS, Quarraisha Abdool Karim.
Nas últimas décadas, Davidovich fez contribuições científicas significativas em áreas-chave da tecnologia quântica, como a computação quântica, sensores e comunicação. Suas pesquisas ampliaram a compreensão sobre como sistemas quânticos interagem com seus ambientes — algo essencial para avaliar a resiliência de dispositivos quânticos expostos a ruídos e para esclarecer questões fundamentais sobre como o mundo cotidiano emerge dos princípios quânticos.
“Hoje, a ciência e a tecnologia quântica estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano”, afirmou Davidovich à TWAS. “Elas estão por trás dos computadores, painéis solares, smartphones, ferramentas médicas como lasers e máquinas de ressonância magnética, materiais avançados, sistemas de GPS e até da agricultura de precisão.”
Os sensores quânticos, foco de seus trabalhos recentes, também apresentam grande potencial para o monitoramento ambiental e da saúde. Eles podem, por exemplo, detectar reservas subterrâneas de água e petróleo, além de melhorar diagnósticos médicos. Já os computadores quânticos, ainda em estágios iniciais de desenvolvimento, têm o potencial de revolucionar áreas como a descoberta de medicamentos, o design de materiais, a logística e a modelagem climática.
Essas tecnologias têm o poder de melhorar a qualidade de vida. Davidovich é reconhecido pela defesa de que seus benefícios sejam acessíveis em escala global.
“Garantir amplo acesso a essas tecnologias é essencial para reduzir a distância entre países mais ricos e menos desenvolvidos”, afirma ele. “Para as nações menos desenvolvidas, isso requer tanto a colaboração entre elas quanto a formação de profissionais qualificados, além do incentivo a indústrias inovadoras capazes de desenvolver tecnologias adaptadas às necessidades locais, reduzindo a dependência de fornecedores externos — especialmente em uma era de crescentes restrições às exportações.”
Presidente da Academia Brasileira de Ciências entre 2016 e 2022, entidade da qual é membro titular, Davidovich é graduado em física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1968), com doutorado em física pela Universidade de Rochester (1975), nos Estados Unidos. Após atuar como professor assistente na Suíça, retornou ao Brasil, onde construiu uma carreira científica extensa e influente, colaborando com colegas da UFRJ e de grupos de pesquisa na França, Alemanha e Estados Unidos, entre outros. Em 2002, foi eleito membro da TWAS. Além da ABC e TWAS, Davidovich também é membro internacional da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, da Academia Europeia de Ciências e da Academia de Ciências da China.
Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios. Em 2000, recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico no Brasil. Em 2001, recebeu o Prêmio TWAS de Física. Em 2010, recebeu o mais importante prêmio científico do Brasil, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
17ª Conferência Geral da TWAS
Com o tema “Construindo um futuro sustentável: o papel da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento global”, a 17ª Conferência Geral da TWAS será de 29 de setembro a 2 de outubro. O evento, organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com a Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS), tem patrocínio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A programação completa pode ser conferida aqui.
Sobre a TWAS
Há mais de 40 anos, a Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS) tem sido uma força essencial na construção de capacidades científicas no Sul global. Fundada em 1983 em Trieste, Itália, a TWAS promove prosperidade sustentável por meio da pesquisa, educação, formulação de políticas e diplomacia. Com seus parceiros, a Academia já titulou mais de 1.230 doutores e concedeu mais de 2.300 bolsas de pós-doutorado a cientistas do mundo em desenvolvimento. Também outorgou mais de 1.200 prêmios, financiou mais de 2.800 projetos de pesquisa, capacitou mais de 750 pessoas em diplomacia científica e apoiou mais de 1.400 visitas de intercâmbio. A TWAS é uma unidade de programa da UNESCO.