publicado em The Conversation, em 14 de agosto:
rofessor emérito da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),Nesse dramático momento por que passam as instituições estadunidenses na área da educação superior, com ataques à Ciência e à Saúde, com a retirada do financiamento das sólidas Universidades de Harvard, Columbia, Princeton, e o desmonte do National Institute of Health (NIH) e dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), levando a uma inédita e preocupante diáspora das instituições americanas, é importante fazermos profundas reflexões sobre o sistema de formação de recursos humanos, para o futuro do nosso país.
Tive o privilégio de vivenciar o início da pós-graduação no Brasil, em 1971, quando entrei na primeira turma do Doutorado do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), coordenado pelo professor Maurício Rocha e Silva. Desde então, o país testemunhou um salto extraordinário na formação de mestres e doutores.
Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) revelam que, entre 1996 e 2021, os cursos de pós-graduação stricto sensu (PG) brasileiros titularam um milhão de mestres e 319 mil doutores. Atualmente, formamos cerca de 22 mil doutores por ano. De acordo com um relatório da Clarivate, o Brasil se mantém na 13ª posição mundial em publicações científicas indexadas, superando países como Rússia, Holanda, Bélgica, Polônia e Suíça.
Não há a menor dúvida de que essa conquista notável é um reflexo direto da excelência dos orientadores e da dedicação e do talento dos nossos estudantes de pós-graduação.
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A ciência brasileira é construída sobre o trabalho árduo, a dedicação e o talento desses estudantes. Negar-lhes condições mínimas para desenvolverem suas pesquisas é um retrocesso que ameaça o futuro da nossa produção científica e tecnológica. O movimento de greve não é um ato de paralisação, mas sim um grito por reconhecimento e valorização. É um pedido urgente para que o governo e a sociedade olhem para a ciência como um investimento essencial, e não como um gasto.
A defesa dos pós-graduandos é, em essência, a defesa da ciência brasileira. É a defesa do futuro do nosso país. Ao investirmos adequadamente em nossos pesquisadores, garantimos que o Brasil continue a prosperar em conhecimento, inovação e desenvolvimento social.
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