Saiba como foi a Diplomação dos novos afiliados da ABC para a Região Norte

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No dia 5 de agosto, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recepcionou seus novos membros afiliados para a Região Norte, eleitos para o quinquênio 2025-2029.

Criada em 2007, a categoria foi uma inovação da ABC para reconhecer e estimular jovens talentos científicos de todas as regiões do país. “Somos a primeira Academia a criar uma categoria para jovens afiliados, feito por uma pessoa muito especial, que nos deixou esse ano, o professor Jacob Palis”, reconheceu a presidente da ABC, Helena Nader, durante a mesa de abertura.

Conheça os novos afiliados da Academia Brasileira de Ciências! 

Ciência epífita, que se sustenta na floresta em pé
Tal qual as plantas que estuda, o trabalho de Adriano Costa Quaresma, pesquisador do Inpa, tem como base a Amazônia e é um exemplo de como instituições fortes incentivam talentos locais. Saiba mais!

“O título de membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências representa um reconhecimento significativo da minha trajetória científica e do impacto da minha pesquisa para o entendimento da biodiversidade amazônica. Mais do que uma honra, vejo essa nomeação como uma responsabilidade e um compromisso com a ciência brasileira.”

Sim, é possível fazer pesquisa no Brasil
A astrofísica Carolina Loureiro Benone, professora da UFPA, pesquisa buracos negros e prova todos os dias a capacidade da física brasileira. Saiba mais!

“O título traz consigo um senso de responsabilidade, a ideia de que posso servir de modelo para jovens cientistas. Pretendo atuar no sentido de contribuir para consolidar a região norte do Brasil como um polo de pesquisa, para ampliar a interiorização do conhecimento científico e para reduzir as desigualdades de gênero dentro da ciência.”

Um geólogo sem fronteiras
Pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV), Gabriel Negreiros Salomão monitora o impacto da mineração nos estados do Pará e Minas Gerais e é um exemplo da importância do Ciência Sem Fronteiras. Saiba mais!

“O título de membro afiliado da ABC é uma grande honra e um reconhecimento à minha trajetória científica. Para mim, significa a oportunidade de colaborar com outros especialistas em projetos interdisciplinares, especialmente nas áreas de geoquímica ambiental e sustentabilidade.”

Ciência de base junto aos povos ribeirinhos
Pesquisador do INPA, o ecólogo Layon Oreste Demarchi estuda os ecossistemas de campinaria da Amazônia, sempre ao lado dos moradores da floresta. Saiba mais!

Fazer parte da ABC como membro afiliado é uma honra e serve de incentivo para continuar minhas pesquisas. Pretendo focar minha atuação junto a ABC na divulgação científica dos trabalhos que desenvolvo e na importância da Academia e das instituições públicas junto à sociedade.

Ecologia para todos os momentos
Professora da UFAC, Simone Matias Reis estuda a resistência das árvores às mudanças climáticas, e carrega seu tema de pesquisa até para as leituras de lazer. Saiba mais!

“Estar entre os jovens cientistas com trajetória promissora na ABC é uma honra para mim. Nunca imaginei estar nesse time e fiquei muito surpresa por isso. E, espero contribuir com pesquisas científicas, parcerias internacionais e discussões ecológicas junto à ABC.”

 

Abertura e recepção

A mesa de abertura foi composta por Helena Nader, presidente da ABC; Aldenize Xavier, reitora da Ufopa; Katia Correa, assessora de Relações Nacionais e Internacionais da universidade; e Adalberto Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte. Encarregada de abrir a sessão, Correa colocou a Ufopa à disposição para a realização de eventos científicos. “É importante fortalecermos a posição da universidade, no coração da Amazônia, entre Belém e Manaus. Este é um momento muito importante para a ciência nacional, é ano de COP 30, e precisamos que os cientistas sejam ouvidos e que suas contribuições se tornem políticas públicas”, declarou.

Os desafios da ciência amazônica foram o tema central da fala de Adalberto Val. É na Amazônia que as dificuldades comuns a todo o país ganham seus contornos mais dramáticos. Val descreve a região não apenas a partir de sua rica biodiversidade, mas de sua cultura milenar e seus saberes tradicionais, cujas raízes são muito profundas. “Faltam recursos, falta infraestrutura e faltam políticas de apoio continuado. Mas não faltam perguntas relevantes nem talentos brilhantes. Hoje temos aqui cinco deles”, afirmou.

“Nós queremos inspirar os jovens, dialogar com a sociedade, integrar saberes tradicionais e acadêmicos, e construir pontes entre o conhecimento e a vida concreta das pessoas. A Academia os acolhe, mas também os convoca para a construção de uma ciência mais plural, diversa e conectada com os desafios do nosso tempo. O Brasil precisa de vocês e a Amazônia precisa de vocês. Parabéns pela conquista”, declarou aos novos Acadêmicos.

Helena Nader destacou a relação indissociável entre ciência e democracia. “Fazer ciência é um exercício da democracia, não consigo imaginar uma sem a outra. A ciência busca a verdade, mas não é dona da verdade, e sem a liberdade não teremos a confiança para trazer resultados reais. Nós experenciamos a negação da ciência, como a disseminação oficial da hidroxicloroquina como tratamento para a covid-19, e sabemos dos estragos que ela pode causar”, afirmou.

Por sua vez, Aldenize Xavier, reforçou a importância de editais específicos e direcionados para a Amazônia, lembrando que investimentos em projetos de pesquisadores que estão entrando na carreira são particularmente cruciais para instituições jovens, como a própria Ufopa. “Precisamos que os cientistas que aqui estão consigam entrar nessa engrenagem extremamente competitiva de captação de recursos. Temos muitos pesquisadores recém-formados, com muita energia, e um quadro de professores muito bem estabelecido”, afirmou.

Xavier também defendeu o projeto pedagógico da Ufopa e a ênfase na interação e financiamento da educação básica local. “Temos recursos de custeio da universidade se transformando em bolsas para a educação básica. Fazemos isso não porque temos recursos sobrando, mas por entendermos que a formação interligada com o ensino básico é estratégica para que tenhamos uma academia que dialoga com a comunidade”.

A mesa de abertura: Adalberto Val, Aldenize Xavier, Helena Nader e Katia Correa

Saudações

Patrik Viana e Carolina Benone

Representando o corpo de afiliados da Região Norte, o Acadêmico Patrik Ferreira Viana foi convidado a saudar os novos colegas . “A incorporação de mais cientistas da nossa região é estratégica e necessária. Trata-se de um reconhecimento que vai além dos méritos individuais: sinaliza que a ciência precisa estar estruturada em todo o território nacional. Nossa ciência opera sob condições completamente diferentes dos grandes centros e precisa ter voz. Sejam muito bem-vindos à Academia Brasileira de Ciências”.

Em nome dos cinco novos afiliados, Carolina Benone se pronunciou em sequência, lembrando do crescimento da anticiência e do ataque às universidades nos anos recentes. “Nesse cenário, é muito importante nos organizarmos em coletivos”. Ela abordou também a desigualdade de gênero na ciência, sobretudo nas áreas STEM [ciências, tecnologia, engenharias e matemática, na sigla em inglês], e fez um apelo por mais diversidade. “A ciência não pode olhar um problema a partir de um único ponto de vista, senão será enviesada. Precisamos de uma pluralidade de ideias e visões de mundo”.

O Simpósio também contou com Palestras Magnas dos Acadêmicos Maria Teresa Piedade e Philip Fearnside, Saiba mais!

Assista ao evento completo:

(Marcos Torres para ABC, 06/08/2025 | Fotos: Rick Zênite Foto)