
A ciência é uma atividade com vocação cosmopolita e isso se reflete na trajetória do geólogo Gabriel Negreiros Salomão, novo afiliado da Academia Brasileira de Ciências. Natural de Belém e com carreira feita na Universidade Federal do Pará (UFPA), o Acadêmico decidiu por trabalhar com pesquisa após uma experiência na Austrália proporcionada pelo Ciência Sem Fronteiras, mas sua área de atuação está atrelada mesmo a Minas Gerais.
Foi numa viagem a Ouro Preto, histórica antiga capital do estado, que o Acadêmico se decidiu por cursar geologia. O jovem Gabriel, que tinha na física e na química algumas de suas matérias preferidas, ficou encantado com as variações de minerais e rochas que viu na viagem. Naquele momento ele ainda não sabia, mas anos depois estaria trabalhando com pesquisa em geoquímica naquela mesma região.
Gabriel voltou a sua cidade natal e logo ingressou no curso de Geologia da UFPA. Nessa época ele ainda não sabia que seria um cientista, embora a vocação para a carreira existisse na família. Seu pai, Rafael, é engenheiro florestal e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e quando Gabriel era pequeno ele estava sempre participando de excursões floresta adentro que aguçavam a imaginação do filho. “Meu pai foi a minha principal influência e em casa sempre conversamos sobre pesquisa e projetos científicos”, conta.
Durante a faculdade, Gabriel se envolveu com um projeto de iniciação científica em geologia sedimentar, área bem diferente da qual viria a trabalhar. Em 2014, surgiu a oportunidade de embarcar num intercâmbio através do programa Ciências Sem Fronteiras, passando um período na Universidade de Adelaide, na Austrália. “Ao final do programa tive certeza do que queria trilhar minha carreira na pesquisa científica”.
De volta ao Brasil, terminou a graduação e logo ingressou na pós-graduação em Geologia e Geoquímica pela UFPA. Seus orientadores durante mestrado e doutorado foram os professores Rômulo Simões Angélica e Roberto Dall’Agnol. Ambos foram seus principais incentivadores nesse período. “Devo tudo a eles!”, resume.
Ao obter o título de doutor em 2020, sua vida o levaria de volta ao quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, onde, a convite de Roberto, começou a trabalhar para o Instituto Tecnológico da Vale (ITV). Nessa nova etapa, passou a trabalhar com geoquímica ambiental. “Pesquiso processos relacionados a qualidade da água, background geoquímico e contaminação ambiental. Desenvolvo pesquisa com o objetivo de investigar os agentes – naturais e antrópicos – causadores de contaminação”.
Dessa forma, Gabriel está preenchendo um nicho de atuação indispensável para a sustentabilidade, a de monitorar o impacto ambiental gerado pela mineração. “A investigação das interações entre elementos químicos e os ecossistemas me motiva a buscar soluções inovadoras que contribuam para um desenvolvimento mais sustentável e responsável. A ciência, para mim, é uma ferramenta essencial para transformar o conhecimento em ações que beneficiem o mundo em que vivemos”, afirma.
Agora na ABC, o novo afiliado se diz honrado e espera participar ativamente de discussões que envolvam sua área de atuação. Ele mantém seu foco em querer transformar o conhecimento em ação, integrando novas tecnologias e práticas no dia-a-dia da pesquisa e mantendo um olhar atendo à oportunidades de inovação. “Em nossas pesquisas, é preciso ter sempre como foco a educação científica e ter como norte o benefício da sociedade”, finaliza.