Durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife, foi realizada uma Sessão Especial Comemorativa dos 40 Anos do MCTI, em 14 de julho, com o lançamento de um selo. Integraram a mesa o presidente da SBPC e Acadêmico, Renato Janine Ribeiro; o ex-ministro de CT&I e Acadêmico, Sergio Rezende; o presidente da Finep, Luis Antônio Elias; o deputado Pedro Campos, a reitora da UFRPE Maria José de Sena, e a ministra de CT&I, Luciana Santos.
O Acadêmico Sergio Rezende demonstrou alegria por estar comemorando os 40 anos do MCTI, período ele acompanhou de perto. “Comecei a trabalhar na comunidade científica na década de 60, como professor, quando tudo ainda era muito pequeno. A ciênciae tecnologia giravam em torno do CNPq e da Capes. A Finep já havia sido criada, mas ainda não existia o FNDCT”, relembrou.
A criação do ministério foi uma vitória da comunidade científica. Tempos difíceis, de acordo com Rezende, sempre lutando no curto prazo. Em 40 anos, o MCTI teve 25 ministros, o que mostra a dificuldade de se implantar políticas de longo prazo. “Hoje estamos melhor, mas não como gostaríamos. Queríamos um CNPq com recursos consistentes. A Finep vai bem, dado que conseguimos acabar com o contingenciamento dos recursos do FNDCT”, destacou o físico. “Estamos com um Congresso dominado por partidos que estão representados no governo, mas que faz questão de impor derrotas ao governo federal, por conta da cultura que temos, de 1% da população dominando os outros 99%.”, lamentou Rezende.
Na avaliação do ex-ministro, o Brasil não é pobre, mas desperdiça recursos. “É um país que paga 900 bilhões por ano de juros da dívida pública. Isso ajuda a concentrar a renda nas mãos de uma minoria que, quando instada a contribuir um pouco mais para o desenvolvimento do país, reage muito mal, como visto recentemente, quando da tentativa de aumentar os impostos sobre grandes fortunas.”
Sergio Rezende frisou que o MCTI tem recursos hoje por conta do FNDCT, mas que as outras rubricas são muito limitadas em recursos. “De qualquer forma, esses 40 anos foram de muitos resultados. O Brasil passou a ser um ator da ciência mundial, estamos no topo da produção científica e temos hoje uma ministra à frente do ministério, escolhida pessoalmente pelo presidente Lula, fazendo um bom trabalho. Parabéns.”
O deputado Pedro Campos representou seu pai, Eduardo Campos, que foi ministro de CT&I em 2004 e 2005, durante o governo Lula, antes de Sergio Rezende, e era neto de Miguel Arraes. Ele agradeceu a homenagem a seu pai e levantou algumas contribuições de Eduardo Campos no seu breve tempo à frente do MCTI, em especial o apoio ao programa nuclear brasileiro voltado para fins pacíficos, como energia e saúde.
O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, foi secretário-executivo do MCTI em várias gestões. “O MCT foi fruto da luta da comunidade científica brasileira, que compreendia que o futuro do Brasil exigia uma política de Estado voltada para ciência tecnologia e inovação [CT&I]”, apontou. Elias observou que em torno do ministério há uma constelação de instituições que contribuem para a consolidação do sistema nacional de CT&I, dentro dos princípios de desenvolvimento sustentável, que busca corresponder aos anseios da sociedade brasileira. “Inovação exige ciência forte. As universidades e os centros de pesquisa do MCTI são o alicerce da inovação e precisamos avançar na autonomia tecnológica e produtiva. Inovação precisa gerar ganhos sociais, melhorar a vida de quem mais precisa”, destacou o economista.
A ministra de CT&I, Luciana Santos, contou um pouco da história do ministério, homenageou Eduardo Campos e destacou que educação e ciência são indissociáveis. Homenageou ainda as muitas mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da ciência brasileira, destacando a psicóloga experimental Carolina Bori, que foi a primeira presidente mulher da SBPC, eleita em 1987, e foi professora emérita da Universidade de São Paulo (USP). “E concluo afirmando que, nesses 40 anos, o MCTI vem contribuindo para a construção de um Brasil mais justo, mais crítico e verdadeiramente livre. Um país que abraça a ciência e tecnologia está promovendo autonomia, soberania, principalmente, esperança.”
Foi então lançado oficialmente um selo postal pelos Correios do Brasil comemorando os 40 anos do MCTI, conduzido pelo superintendente estadual dos Correios de Pernambuco, Ricardo Santos.
Ricardo Santos, Luiz Elias, Sergio Rezende, Renato Janine, Luciana Santos, Maria José de Sena e Pedro Campos | Foto: Diego Galba/Ascom MCTI
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