Jorge Guimarães: BRICS com cooperação científica forte vai potencializar capital coletivo

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Nos dias 24 e 25 de junho, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) organizou e conduziu o Fórum de Academias de Ciências do BRICS 2025, realizado no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro. O evento reuniu representantes das academias nacionais dos países membros, que apresentaram os principais pontos de atenção de suas instituições. Além disso, quatro Acadêmicos convidados fizeram palestras especiais ao longo do encontro.

A primeira conferência do Fórum, realizada em 24 de junho, foi apresentada por vídeo pelo professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Acadêmico Jorge Guimarães, ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Fortalecer a cooperação científica entre os BRICS: um imperativo estratégico

Em sua palestra, Guimarães ressaltou que os países do BRICS formam um amplo reservatório de talentos humanos, biodiversidade, tradição científica e capacidade de inovação em expansão. “O fortalecimento da cooperação científica pode desbloquear esse potencial coletivo ao promover parcerias mais profundas, que ofereçam benefícios concretos a todos os membros, enquanto cocriadores de conhecimento, inovação e desenvolvimento inclusivo”, afirmou.

 

Jorge Almeida Guimarães no telão, falando para representantes das Academias do BRICS | Foto: Mario Marques

Apesar desse potencial, Guimarães alertou que a colaboração científica e tecnológica no âmbito do BRICS ainda não se consolidou como uma parceria estruturada e de impacto efetivo. Segundo ele, persistem barreiras significativas — como mecanismos limitados de financiamento, desigualdades em infraestrutura e acesso digital, além de entraves administrativos — que precisam ser superadas para ampliar a participação conjunta.

O Acadêmico destacou que o momento atual representa uma janela de oportunidade estratégica, impulsionada por maior alinhamento político e por uma visão comum entre os países. “É essencial reconhecer e ampliar o valor estratégico desse engajamento multilateral, posicionando a colaboração científica como pilar das políticas internacionais de ciência e inovação na próxima década.”

Guimarães defendeu que os BRICS articulem direções claras e prioridades conjuntas por meio de um programa robusto de pesquisa e inovação. “Com colaboração ampliada, investimentos compartilhados e respeito mútuo, os BRICS podem se tornar um modelo global de cooperação científica, gerando benefícios para as pessoas, o planeta e as futuras gerações.”

Compromisso com a ciência aberta e desafios globais

A ampliação da cooperação estar alinhada ao compromisso com a ciência aberta é fundamental, de acordo com Guimarães, especialmente para enfrentar os desafios globais urgentes do nosso tempo. Para o Acadêmico, esta reunião das academias nacionais de ciências dos BRICS representa uma oportunidade única para discutir prioridades que orientem a cooperação científica interna entre os países-membros. Ele citou como áreas prioritárias de pesquisa colaborativa ciência do clima, sistemas de saúde, transição energética, agricultura, ecologia e transformação digital, envolvendo universidades e outras instituições nos BRICS. “Esses domínios refletem alguns dos desafios de desenvolvimento mais urgentes da atualidade, ao mesmo tempo que oferecem oportunidades significativas para o avanço científico, com amplo impacto social”, ressaltou o Acadêmico.

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(Elisa Oswaldo Cruz para ABC, 26/6/2025)