Delegação da ABC visita o Centro Nacional de Bioinformação da China

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BEIJING, 3/6 – Uma delegação da Academia Brasileira de Ciências (ABC), composta por oito membros* e liderada pela presidente Helena B. Nader, visitou o Centro Nacional de Bioinformação da China (CNCB) na manhã do dia 3 de junho, acompanhados pelo representante da Embaixada do Brasil na China, Rodrigo Mendes Araújo. O diretor do CNCB, Yungui Yang, o vice-diretor Wenming Zhao e representantes dos pesquisadores e membros dos departamentos administrativos** participaram da reunião. Yangzhu Song, do Gabinete de Cooperação Internacional, representou a CAS.

Visita da delegação da ABC às instalalções do Centro Nacional de Bioinformação 

Em nome do CNCB, Yungui Yang deu as boas-vindas à delegação da ABC e conduziu uma breve visita ao cluster de computação do centro e ao modelo em maquete do campus de Zhangjiakou. Yang esteve na sede da ABC, no Rio de Janeiro, em 2024, por ocasião da comemoração dos 50 Anos de Relações Brasil-China.

Em seguida, o professor Han Dali apresentou a trajetória de desenvolvimento do centro, sua transformação de instituto de pesquisa para Centro Nacional, explicou as funções de cada divisão do CNCB, e mostrou a construção do sistema de recursos de dados e da rede de cooperação internacional do centro, assim como o progresso das obras do campus de Zhangjiakou.

Maquete do novo campus do CNCB

Dali explicou que o CNCB tem várias frentes. É uma plataforma nacional de recursos para coletar e manter dados biológicos na China e no mundo. Para tanto, mantém um centro tecnológico para o armazenamento, gerenciamento e aplicação padronizados, sistemáticos e eficientes de big data biológico. Assim atua como base de pesquisa de ponta em ciência de big data biológico voltada às necessidades nacionais, servindo como incubadora inovadora para novas ferramentas, indústrias e formatos impulsionados pela bioinformática, e como polo de excelência para a formação de talentos. “E tem uma janela para comunicação, cooperação e compartilhamento de dados entre a China e centros internacionais de renome”, observou.

A professora Song Shuhui apresentou a “Aliança Internacional de Big Data em Biodiversidade e Saúde” (BHBD), iniciativa do CNCB lançada em 2018, detalhando os avanços obtidos pela aliança em intercâmbio de pessoal, treinamentos, organização de conferências internacionais e cooperação em projetos nos últimos anos. Song relatou que o Laboratório Conjunto em Bioinformação CNCB-LNCC [Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, RJ]  já conduz um programa de intercâmbio de jovens cientistas China-Brasil. “Este acordo visa a colaboração em Bioinformática e Big Data em Ciências da Vida. O LNCC é uma instituição brasileira de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, especializada em computação científica, enquanto o CNCB é um centro chinês de pesquisa em bioinformática”, disse.

Song explicou que o plano de pesquisa do laboratório para os próximos dois anos envolve a construção de um banco de dados de referência microbiana de alta qualidade, o desenvolvimento de um modelo de alerta precoce para doenças infecciosas baseado em inteligência artificial e a interconexão de grandes volumes de dados sobre patógenos. Em longo prazo, as metas incluem a construção da infraestrutura de big data biológico do Brasil, o desenvolvimento de um sistema de algoritmos de bioinformática com controle próprio e a construção de uma ecologia de modelos biológicos em múltiplos cenários.

A presidente Helena Nader fez uma breve apresentação sobre a história, missão, funções, visão e parceiros internacionais da ABC, destacando que a Academia Brasileira de Ciências e a Academia Chinesa de Ciências ampliaram a cooperação em várias áreas após a renovação do Memorando de Entendimento (MoU) em 2023. Ela ressaltou que a ABC está aberta para a ampliação, inclusive porque está prevista no MoU uma cooperação mais profunda e prática por meio do intercâmbio de pesquisadores, workshops conjuntos e chamadas conjuntas de projetos de pesquisa. “Brasil e China são parceiros de longa data, há 50 anos. Desejamos que as novas gerações de cientistas se engajem mais nessa cooperação”, disse Nader.

Desde 2018, ABC e CAS já promoveram reuniões institucionais bilaterais e workshops nas áreas de ciências agrárias (novembro de 2018, Brasília) e ciências espaciais (abril de 2019, Beijing). Adicionalmente, cinco pesquisadores brasileiros tiveram a oportunidade de intercâmbio em instituições chinesas, enquanto um cientista da China esteve no Brasil. As atividades bilaterais presenciais tiveram que ser interrompidas por conta da pandemia, mas um webinário bilateral sobre covid-19 foi realizado em setembro de 2020.

Por fim, foram realizadas discussões aprofundadas sobre possíveis áreas de interesse mútuo, como agricultura, biodiversidade, biobancos, entre outras.

O vice-presidente da ABC para a região Norte, Adalberto Val, que integra a delegação de cientistas da ABC, relatou que o CNCB é uma infraestrutura científica de escala impressionante, que integra dados genômicos, inteligência artificial e plataformas de bioinformática de última geração. “Para nós, brasileiros, ficou claro: sem pessoas altamente capacitadas, sem equipamentos de ponta e sem acesso pleno à ciência global, não há futuro promissor. Investir em ciência é investir na soberania, na saúde e no lugar do país no mundo. A Amazônia e o Brasil precisam se ver nesses espelhos, e se preparar para ocupar seu espaço na fronteira do conhecimento”.

O vice-presidente da ABC para São Paulo, Glaucius Oliva, comentou que a ciência moderna compreende que o grande valor hoje está nos dados, em todas as fontes de informação que possam ser coletadas e reunidas em grandes bases de dados, que possam depois ser analisadas por inteligência artificial para gerar valor e novas oportunidades. “E isso, particularmente na área de ciências biológicas, ciências da vida, é ainda mais importante – que se possa juntar não só dados genômicos, dados de proteínas, mas também dados clínicos, dados biológicos de todas as fontes. Se isso tudo estiver junto em bancos de dados que sejam acessíveis, curados, adequadamente preparados, podemos ter uma fonte enorme de novos insights, novas descobertas, com base em inteligência artificial que reúna esses dados de uma forma inteligente.”


* A delegação brasileira, liderada pela presidente da ABC, Helena Bonciani Nader; foi composta pelo vice-presidente, Jailson Bittencourt de Andrade; o vice-presidente para a região Norte, Adalberto Luis Val; o vice-presidente para a região São Paulo, Glaucius Oliva; o Acadêmico Wanderley de Souza (UFRJ); a Acadêmica Vivian Vasconcelos Costa Litwinski (UFMG); e o secretário-executivo de relações internacionais, Marcos Cortesão.

** Da parte chinesa, participaram do encontro os seguintes membros do Centro Nacional de Bioinformação da China: o diretor Yungui Yang; o diretor adjunto Wenming Zhao; os diretores Dali Han (biologia computacional), Mingkun Li (segurança da informação), Minxian Wang (desenvolvimento de aplicações), Shuhui Song (serviços de bioinformação), Bing Zhang (operação e manutenção), Liying Pan (Divisão de Pós-Graduação) e Wei Xu (adjunto, Ciência e Tecnologia); a professora Yajing Hao (biologia computacional); o pesquisador assistente Lun Li (recursos de dados); o engenheiro Tianyi Xu (recursos de dados); e a administradora sênior de cooperação internacional, Caiping Wang.

(GCOM ABC)