*Texto original do Serrapilheira
No lançamento do Serrapilheira, em março de 2017, um nome específico foi mencionado como a semente que germinou e virou o primeiro instituto privado de fomento à ciência do Brasil: o matemático Jacob Palis, que morreu na semana passada, dia 7 de maio, aos 85 anos.
Não por acaso, o lançamento aconteceu no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), instituição de excelência em pesquisa na área, onde Jacob Palis foi pesquisador por mais de 50 anos. Foi ele um dos principais responsáveis por tornar o Impa referência internacional na área e lançar a matemática brasileira no mundo.
No evento, João Moreira Salles, um dos fundadores do Serrapilheira, contou à plateia que, em 2010, Palis o convidou para fazer uma palestra em um simpósio da Academia Brasileira de Ciências, então presidida pelo matemático. Ali, Salles se deu conta de um certo desequilíbrio entre áreas da ciência. “No ano passado, a PUC-Rio [onde dava aulas de cinema] formou três físicos, dois matemáticos e 27 bacharéis em cinema”, escreveu pouco depois do simpósio, em artigo publicado na Folha de S.Paulo.
A partir de então, começou-se a se pensar no projeto de um instituto privado, sem fins lucrativos, que apoiasse jovens cientistas ousados e criativos. A ideia ganhou corpo quando Artur Avila, “neto acadêmico” de Jacob Palis, se tornou o primeiro brasileiro – e único matemático formado no Hemisfério Sul – a receber a Medalha Fields (o “Nobel” da matemática), em 2014.
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