*Publicada originalmente na Folha de SP
A presidente do Comitê Diretor do Sistema de Observação Global do Clima (GCOS), Thelma Krug, afirmou nesta terça-feira (6) que a realização da COP30 na Amazônia dará um “choque de realidade” no restante do mundo.
“Acho que o interessante de ter a COP na Amazônia é o fato de que os países vão ter a oportunidade de sobrevoar as áreas extensas de floresta. Vai ser um choque de realidade, [ver] que a gente ainda tem muita floresta e precisa de muito dinheiro para mantê-la de pé”, afirmou Krug em entrevista após sua fala na edição anual da Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro.
Líder do comitê científico da cúpula climática de 2025, ela opina que as três últimas COPs (conferências das Nações Unidas sobre mudanças climáticas) foram “bem complicadas”, em ambientes de riqueza movida a recursos do petróleo.
A COP27 foi realizada em Sharm el-Sheikh (Egito), seguida da COP28 em Dubai (Emirados Árabes) e da COP29 em Baku (Azerbaijão).
“Agora vai ser diferente. Eu acho que vai ser uma edição muito simples. Tem de cair a ficha da realidade em que vivem os países em desenvolvimento”, complementa.
Krug é uma das referências em mudanças climáticas no país e no mundo. Foi membro do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) por mais de 20 anos, onde chegou à vice-presidência e esteve de 2015 a 2023. Na Reunião Magna da ABC, apresentou parte de seus estudos sobre o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade, como nos corais de água doce.
A cientista alerta que é pequena a margem para o planeta não ultrapassar o aumento de 1,5°C na temperatura, meta preferencial do Acordo de Paris. “Este é um dos grandes desafios da COP30, e só vamos avançar com o debate sobre emissão das energias fósseis. A COP é na floresta, mas não é só sobre a floresta”, disse aos participantes.
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