Morreu Jacob Palis, grande matemático e ex-presidente da ABC

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No dia 7 de maio a ciência brasileira perdeu um grande homem. Nascido em Uberaba, Minas Gerais, Jacob Palis era o mais novo dos oito filhos de um imigrante libanês e uma imigrante síria. O pai era um comerciante bem-sucedido que apoiou e financiou os estudos do filho, amante da incerteza e da matemática desde criança.

Aos 16 anos, Jacob mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar engenharia na Universidade do Brasil – atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi aprovado em primeiro lugar no vestibular, mas não tinha idade para ser aceito, e então prestou vestibular novamente um ano depois, tendo novamente obtido a primeira colocação. Concluiu o curso em 1962, com louvor e recebendo o prêmio de melhor aluno.

Em 1964 mudou-se para os Estados Unidos. Em 1966 obteve seu mestrado em matemática sob a orientação de Stephen Smale, e em 1968 seu doutorado, também com Smale como orientador, e estágio de pós-doutoramento de 1967 a 1968, todos pela Universidade da Califórnia.

Em 1968 regressou ao Brasil e tornou-se pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), onde se tornou professor em 1973. Entre 1993 e 2003. foi diretor do instituto. Palis muito contribuiu para a expansão da grade curricular da matemática no Brasil. Foi coordenador do Instituto do Milênio “Avanço Global e Integrado da Matemática Brasileira”.

Foi presidente da Academia Brasileira de Ciências de 2007 a 2016, e da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento (TWAS). Tornou-se membro estrangeiro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, da Accademia dei Lincei, da Academia da China, da Academia alemã Leopoldina, da Academia das Ciências de Lisboa e da Académie des Sciences, entre outras. Sua atuação à frente da ABC será tema de uma próxima matéria. 

Trabalhava na área de sistemas dinâmicos, que servem para modelar fenômenos evolutivos da natureza e de outras áreas. Formulou um programa global para caracterizar seu comportamento típico e estimar incertezas de previsões futuras. Desenvolveu pesquisas principalmente nos seguintes temas: transformações, difeomorfismos, fluxos, atratores, sistemas hiperbólicos, ciclos de Poincaré e suas bifurcações, sistemas dinâmicos e conjuntos hiperbólicos.

Reuniu grande quantidade de prêmios e títulos, dentre os quais o Prêmio Moinho Santista em Matemática (1979); Prêmio TWAS em Matemática (1988), da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês); Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia (1990), do Governo Brasileiro; Prêmio Interamericano para Ciência (1995), da Organização dos Estados Americanos; Prêmio Trieste de Ciência (2006); Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo (2010); Prêmio Balzan em Matemática (2010), da Fundação Balzan – sendo o sétimo matemático a ser premiado e o primeiro não europeu/americano; Medalha Solomon Lefschetz (2013), no Congresso Matemático das Américas; e a Medalha Abdus Salam (2015), da TWAS.

Recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994); o título de Cavaleiro da Legião de Honra (2005), do Governo Francês; e a Ordem do Mérito Naval (2012), da Marinha do Brasil. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa nas Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ (1993), Universidade do Chile (1997), Universidade de Warwick – Reino Unido (2000), Universidade de Santiago – Chile (2000), Universidade de Havana – Cuba (2001), Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (2011), Universidade de Peking – China (2011), Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (2012) e Universidade Nacional de Córdoba – Argentina (2012).

A seguir, abordaremos a atuação de Jacob Palis à frente da Academia Brasileira de Ciências. Acompanhe o site da ABC.

(GCOM ABC/Wikipedia)