Evidências científicas indicam origem natural da covid

Compartilhar
Compartilhar
Compartilhar
Compartilhar

Leia matéria de Bernardo Costa e Giovana Frioli para o Estadão, publicada em 30 de abril:

O governo de Donald Trump substituiu um site que antes fornecia informações sobre o coronavírus por uma nova página, que apoia a teoria de que o vírus SARS-CoV-2, causador da doença, teria vazado de um laboratório da China. Embora a origem do vírus ainda seja tema de estudos, a acusação carece de evidências científicas, segundo explicaram pesquisadores ouvidos pelo Verifica.

A hipótese de origem na natureza é a mais aceita na comunidade internacional, devido a dados publicados em estudos científicos revisados por pares. Os sites Covid.gov e Covidtests.gov, do governo americano, antes traziam indicações sobre vacinas, testes gratuitos, sintomas e tratamentos contra o vírus. O conteúdo das páginas foi salvo pela ferramenta WayBack Machine.
Ao acessar esses links, os usuários são agora direcionados para um novo portal no site da Casa Branca, publicado neste mês de abril. A página tem a foto de Trump, o título “Vazamento de laboratório: a verdade sobre a origem da covid-19” e cinco alegações que apoiariam essa teoria.

 

Especialistas entrevistados pelo Verifica informaram que a ampla maioria da comunidade científica não endossa a hipótese de vazamento, por falta de evidências. Por outro lado, a suspeita de que o SARS-CoV-2 tenha surgido naturalmente, com o início da transmissão de animais para humanos no Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, em Wuhan, é a que encontra respaldo em trabalhos publicados em revistas científicas.

(…)

Segundo o virologista Amílcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), há sim características semelhantes entre o SARS-CoV-2 e outros coronavírus que passaram para humanos a partir do contato, na natureza, com animais infectados. Exemplos incluem o SARS-CoV-1 e o MERS-CoV.

“O SARS-CoV-2 não é um ‘ET’”, disse Tanuri. “Ele tem características biológicas de um beta coronavírus vindo de morcegos e que já infectou humanos, como o SARS-CoV-1, que causou o surto de 2003, e o MERS, que resultou na epidemia de 2012”.

Assim como esses dois vírus anteriores, Tanuri prossegue, o SARS-CoV-2 também causa problemas respiratórios e induz à criação de anticorpos comuns, o que seriam características virológicas e biológicas parecidas.

“Se eu tiver um anticorpo contra o SARS-CoV-1 e colocar no vírus da covid, veremos que esse anticorpo gruda nele. Ele não o neutraliza completamente, mas adere ao vírus. Isso eu consigo mostrar. A mesma coisa com o MERS”, explicou Tanuri.

(…)

“Os dados científicos mostram que havia duas cepas no mercado de Wuhan, A e B”, disse Tanuri. “Como é comum acontecer com esses vírus respiratórios, a cepa A não se adaptou bem ao ser humano e desapareceu. Já a cepa B continuou se espalhando pelo mundo. Então, foram duas introduções, pelo menos”.

(…)

Leia a matéria na íntegra no site do Estadão

(Bernardo Costa e Giovana Frioli para Estadão, 30/4)