O cientista projeta que o instituto terá recursos públicos e privados e pode virar realidade nos próximos dois ou três anos.
Em outras palavras, a ideia é fazer pesquisas científicas para desenvolver tecnologias, descobrir potenciais usos dos recursos naturais da floresta de modo sustentável e gerar riquezas para as próprias pessoas que vivem lá.
Além de Nobre, fazem parte do projeto do AmIT os cientistas Maritta Koch-Weser, presidente da ONG Earth3000 e Adalberto Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
“Vamos trabalhar com florestas, paisagens alteradas ou degradadas e como restaurá-las, infraestrutura sustentável de transporte e energia, biodiversidade e manejo da água”, conta.
Segundo o pesquisador, o grande objetivo é aliar “a ciência indígena de milhares de anos com a ciência contemporânea, de forma harmoniosa e operativa”.
Desafios para o Brasil e para o mundo
Nobre, que está participando da Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP27), que acontece em Sharm El-Sheik, no Egito, também acredita que o Brasil pode (e deve) assumir o papel de liderança global nas políticas ambientais.
“Nosso país pode ser a primeira grande economia a zerar suas emissões de carbono”, pontua.
O cientista aponta que isso representa um enorme ganho para a economia — a manutenção da floresta é fundamental para o regime de chuvas que irriga e sustenta as plantações espalhadas pelo resto do país e também na América do Sul, por exemplo.
Ele ainda reforça a necessidade de que o mundo atinja as metas estabelecidas em 2015 no Acordo de Paris, de preferência com o limite de aumento de 1,5°C na temperatura do planeta em comparação com a era pré-industrial.
Por fim, Nobre vê com boas perspectivas a eleição de Lula e o início do novo governo sob o ponto de vista do meio ambiente.
“Há uma experiência no passado em que vimos a queda no desmatamento e na degradação ambiental, a melhora da qualidade de vida da população brasileira e especificamente da Amazônia, a criação de várias unidades de conservação e demarcação de territórios indígenas”, lista.
“As eleições de 2022 foram a última chance de manter a Amazônia e de combater o crime organizado na região, que sempre existiu, mas se sentiu empoderado nos últimos anos”, diz.
“Nós temos quatro anos para acabar com o desmatamento, a degradação e a ilegalidade na Amazônia”, completa.
Acessa a matéria completa.