No I Workshop On-line de Membros Afiliados da ABC a sala de debates moderada por Jaqueline Mesquita (UnB) contou com a participação de Carlo José Freire de Oliveira (UFTM), Daiana Silva de Ávila (Unipampa), Daniel Martins-de-Souza (Unicamp), Edgard Almeida Pimentel (PUC-Rio), Fernanda de Pinho Werneck (Inpa), Julio Cesar Batista Ferreira (USP), Leonardo Cristiano Campos (UFMG), Marcelo Alves da Silva Mori (Unicamp), Marilia Danyelle Nunes Rodrigues (Ufra), Rafael Cypriano Dutra (UFSC), Rodrygo Luis Teodoro Santos (UFMG), Siomar de Castro Soares (UFTM) e Tiago Roux Oliveira (Uerj).
A partir da constatação de que as agências de fomento concentram a disponibilização dos recursos nas grandes capitais, o grupo focou suas propostas iniciais na descentralização da ciência. Fomentar a discussão da ciência fora dos grandes centros é uma demanda fundamental dos jovens cientistas, onde muitas vezes faltam referências frequentes (ícones da área) para disseminar e inspirar os pesquisadores novos através de seminários. Esse quadro estimula a fuga de alunos dos pequenos centros. Os pontos destacados no debate deste grupo não se propõem a representar a opinião do conjunto de membros afiliados da ABC.
De modo geral, o grupo criticou o baixo financiamento para pesquisadores em início e meio de carreira, o que parece contraditório, já que eles são o motor da ciência no futuro. Em áreas que dependem de grandes equipamentos, por exemplo, os cientistas jovens têm maior dificuldade em desenvolver suas pesquisas. Assim, o grupo propôs um maior suporte inicial para certas áreas, com compartilhamento de equipamentos.
Sobre liderança, uma dificuldade identificada foi, por um lado, lidar com a falta de reconhecimento de alguns dos pesquisadores mais sêniores por estarem no início da carreira e, por outro, o desafio de assumir um papel de liderança entre os estudantes/orientandos, por serem jovens.
A capacidade de liderança, de acordo com o grupo, tem pontos de identificação. O pesquisador proativo e criativo na solução de problemas e com habilidade para criar laços já ganha pontos. Um líder científico, na visão do grupo, não é obrigatoriamente o chefe de laboratório, não é o gestor. O chefe tem dinheiro, todos precisam de dinheiro, mas liderança vai além disso. Nesse sentido, o Comitê Organizador do evento propôs a organização de treinamento/mentoria para ajudar a formar lideranças, desenvolvendo o pensamento estratégico, promovendo a boa gestão de conflitos e outras questões. Veja a agenda aqui na nova página de membros afiliados da ABC.
Para melhorar esse quadro, o grupo listou sugestões, como o fomento para a interiorização da liderança científica, com a criação de seminários regionais com grandes figuras de determinadas áreas. A ABC tem promovido webinários semanais que, no final de outubro, chegam a 26, e tem esse objetivo. Mas a demanda é que outras instituições também promovam atividades similares.
Uma boa proposta que surgiu foi a criação de núcleos institucionais e interinstitucionais para gerar parcerias e maximizar o potencial colaborativo. Estes núcleos interinstitucionais conduziriam o intercâmbio de professores entre as universidades, para espalhar e misturar conhecimentos, fortalecendo a interdisciplinaridade e permitindo a formação de novas lideranças em diferentes centros.
A maior frequência de editais voltados para jovens e para pesquisadores em meio de carreira também foi uma demanda do grupo, assim como a possibilidade de uma carga didática menor ao jovem em ascensão. Essas propostas estariam diretamente ligadas a novas linhas de financiamento direcionadas para jovens lideranças e ao estímulo consistente às práticas de divulgação científica.