giovani250.jpg Criado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Giovanni Finoto Caramori sempre teve fascínio pelo novo e nunca foi muito interessado pelos fatos sem um porquê. “No colégio, gostava de todas as matérias que me traziam algum conhecimento novo, mas detestava aquelas que me obrigavam a memorizar um excesso de informações sem fornecer uma conexão lógica dos fatos”, conta ele.
A mãe era dona de casa e o pai,metalúrgico em uma empresa de implementos agrícolas. Ele conta ter tido uma infância simples e humilde, sempre próximo da família, que o estimulava a reconhecer os valores do trabalho e do respeito. Guarda lembranças das brincadeiras típicas da periferia onde morava, soltando pipa e jogando taco ou uma pelada.
Sempre interessado por química, Caramori conta que a escolha do curso ocorreu de forma natural e atribui ao incentivo de um dos professores do ensino médio, Marcelo Noronha Zini, o despertar do gosto pela química.
Já certo de que seguiria pela química, no momento de prestar o vestibular Caramori chegou a considerar o curso de veterinária, mas desistiu da opção por questões financeiras, já que teria que sair da cidade. Optou por aplicar para química pela Fundação Universitária pra o Vestibular (Fuvest), já que em Ribeirão Preto havia um campus avançado da Universidade de São Paulo (USP). Ele foi o único dos irmãos que cursou o ensino superior.
No primeiro ano da graduação, foi convidado pelo Prof. Dr. Maurício Gomes Constantino a integrar um grupo de pesquisa de síntese orgânica e recebeu da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) uma bolsa de iniciação científica (IC). “Concluí o primeiro ano com êxito, mas a síntese orgânica, apesar de toda sua beleza e importância, não me estimulava para a pesquisa”, conta Caramori.
Foi conquistado, então, pelos números: interessou-se pela físico-química e pela ideia de usar modelos simplificados para compreender fenômenos que unissem as duas áreas de estudo. Transferiu a bolsa de IC para a físico-química teórica e passou a pesquisar as ligações de hidrogênio intramoleculares em derivados substituídos do malonaldeído, orientado pelo prof. Dr. Sérgio E. Galembeck. Após concluir a graduação, Caramori deu início ao doutorado direto, seguindo com o mesmo orientador e defendendo, no fim, tese intitulada estudo computacional de [2.2] ciclofanos.
Atualmente, Giovanni Caramori pesquisa a natureza física das ligações e interações químicas em diferentes compostos químicos, empregando o método mecânico quântico, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para ele, a indicação para membro afiliado da ABC é um reconhecimento deste trabalho e, ao mesmo tempo, um estímulo para “fazer mais e melhor”, como define.
Descreve a ciência como uma possibilidade de explicar fenômenos de maneira lógica e comenta seu gosto especial para literatura e música: “Quando criança, aprendi a ler pautas e a tocar violão erudito, atividade que procuro manter até hoje, quando o tempo permite”, conta.
O químico tornou-se um dos cinco novo membros afiliados da Vice-presidência Regional Sul da Academia Brasileira de Ciências (ABC). O grupo foi diplomado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no dia 4 de agosto.