caroline250.jpgAs experiências científicas de Caroline Rigotto começaram cedo, em um minilaboratório caseiro. Os estímulos vinham do pai, a quem ela compara com o Professor Pardal, o cientista do desenho animado da Disney, que adorava invenções.
Filha de pai administrador e mãe pedagoga, nasceu no Rio Grande do Sul e conta ter tido uma infância tranquila. “Brincava nas ruas calmas da vizinhança residencial onde morávamos, na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, para onde fui ainda bebê.”
Embora geografia, matemática e química também estivessem no rol de matérias preferidas, era a biologia que fazia os olhos de Caroline brilharem desde o ensino médio, quando começou o contato com a matéria. Do seu interesse nasceu um convite para ser monitora do laboratório da escola – mas no de química. O contato intenso com as disciplinas já dava certeza à Caroline de que sua escolha no vestibular seria por algum curso voltado para as ciências. “Fiquei muito em dúvida em cursar farmácia ou biologia, mas acabei optando pela segunda”, conta ela.
Entrou para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde logo sentiu necessidade de se envolver em projetos para além das aulas e começou a iniciação científica no Laboratório de Virologia Aplicada. Lá seguiu o mestrado e o doutorado, sob orientação das professoras Célia Baradi e Cláudia Simões. Desde o começo da graduação já se interessava pelo estudo dos vírus e sua linha de pesquisa focou-se na virologia ambiental e avaliação da atividade antiviral de produtos naturais.
Durante o doutorado, Caroline estagiou na Universidade da Califórnia Riverside (UCR) e no Metropolitan Water District, empresa de distribuição de água na Califórnia, nos EUA. “Pude vivenciar a rotina de análise de qualidade de água numa grande empresa e aprendi a desenvolver métodos de análise de viabilidade viral em amostras de água na UCR, orientada pelos professores Marylynn Yates e Ricardo de Leon”, completa.
Hoje, Caroline é professora adjunta da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, onde é membro permanente do mestrado em Virologia. Trabalha com diagnóstico em virologia nas áreas de virologia básica e ambiental e de antivirais, Na área de virologia ambiental, trata também do monitoramento de vírus entéricos no ambiente, através de métodos moleculares e do cultivo celular, e avalia ainda produtos naturais e compostos com potencial atividade para enfrentar os arbovírus.
O encantamento de Caroline com a ciência vem da possibilidade de investigação. “Gosto do inexplorado, de descobrir coisas novas. Tenho prazer em gerar dados e informações que possam contribuir para a ciência e também em achados que atinjam o cidadão comum, desde aquele que precisa de um medicamento até aquele que necessita de água de boa qualidade para consumo e recreação”, comenta ela. Caroline ressalta a necessidade de pesquisa na área, dada a precariedade de saneamento básico no Brasil. Para ela, a indicação para membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) é um reconhecimento de todo este trabalho que vem executando.