
A cerimônia no domingo lotou o auditório, com a presença de pesquisadores, professores, estudantes, representantes de agências de fomento e políticos. A mesa foi composta pelo reitor da UFMG, Jaime Ramírez; a presidente da SBPC, Helena Nader ; a vice-reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida; o secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC); Elton Santa Fé Zacarias, representando o ministro Gilberto Kassab; o diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior; a presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Maria Zaira Turchi; o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTIC, Jailson Bittencourt de Andrade ; o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Luiz Davidovich ; o presidente do CNPq, Mário Neto Borges; e a presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Tamara Naiz.
Um dos homenageados da noite foi o Acadêmico Sérgio Henrique Ferreira, falecido no ano passado. Sua pesquisa, realizada inicialmente em colaboração com o também Acadêmico Mauricio Oscar Rocha e Silva, evidenciou o fator de potenciação da bradicinina, um peptídeo extraído do veneno da serpente Bothrops jararaca), possibilitando o desenvolvimento de novos agentes anti-hipertensivos, o que levou ao desenvolvimento do medicamento Captopril.

Professor emérito da UFMG, o Acadêmico Ângelo Barbosa Monteiro Machado também foi homenageado. O recém-eleito presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, ressaltou a intensa e importante atuação do neurocientista e entomologista junto à SBPC, que somam 55 anos. “Entre seus trabalhos de maior destaque está a participação na criação das revistas Ciência Hoje e Ciência Hoje das Crianças, importantíssimas para a divulgação científica”, ressaltou Moreira, que será empossado no dia 20 de julho, durante a Reunião.
No palco, Machado arrancou do público aplausos e muitas risadas. “Fiquei muito emocionado com essa homenagem, muito importante pelo carinho que tenho com a SBPC. Tenho que dividir essa homenagem com Conceição Maria Machado, que foi minha estagiária e depois casei com ela. A melhor maneira de fixar uma assistente. E o resultado foram vários trabalhos científicos, Lucia, Paulo e Eduardo”, contou Machado, divertindo a plateia.

Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o Acadêmico Jailson Bittencourt falou à plateia sobre os tempos difíceis que a ciência brasileira e mundial vive. “É um desastre para nós da ciência ver o presidente da maior economia do mundo não respeitar um acordo firmado, com uma base cientifica extremamente sólida, como o Acordo de Paris”, salientou Bittencourt, referindo-se aos Estados Unidos.
Para ele, o Brasil precisa de uma revolução na educação, que levará a uma mudança na ciência. “Uma revolução que levará ao aperfeiçoamento de nossa ciência básica, que já é muito qualificada, mas que é pequena para o tamanho do país. O sonho da inovação só chegará com uma ciência e uma educação de excelência. E isso temos como aperfeiçoar e avançar”, afirmou.
A união entre gerações em defesa da ciência foi ressaltada pelo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mário Neto Borges. “Vemos hoje a antiga e a nova geração atuando lado a lado. Que tenhamos mais pessoas trabalhando pela ciência, tecnologia e inovação, junto com a educação, para, assim, transformarmos o país em uma potência não só econômica, como social e cultural também”, disse Borges.

À frente da presidência da SBPC, a Acadêmica trabalhou interruptamente para atender a todas as demandas da função pelo país afora, sem esquecer sua função como professora e orientadora. “Lutei pela ciência, tecnologia e inovação no país. Uma luta contra o obscurantismo, como o ensino do criacionismo e a escola sem partido. Nesse período, procurei manter um diálogo aberto e franco com agentes públicos e tomadores de decisão, mostrando que a ciência, tecnologia e inovação devem ser os alicerces para a nação brasileira”, afirmou.
Helena fez ainda um alerta para os potenciais riscos à ciência brasileira, como a regulamentação do marco regulatório da ciência e tecnologia. “Uma regulamentação que o MCTIC defende, mas que temos que garantir que o Planejamento e a Fazenda não destruam. Um trabalho feito a varias mãos e aprovado no Parlamento brasileiro”, disse.
Em sua mensagem final, Helena convocou a comunidade científica para a luta. “Não podemos ter retrocessos, acreditamos que apenas com ciência e tecnologia fortes, associados à educação de qualidade, poderemos alcançar uma sociedade justa e igualitária”, ressaltou.