O Acadêmico Luiz Davidovich, físico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é o novo presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). A transmissão do cargo aconteceu durante a cerimônia de posse dos novos membros titulares e correspondentes da ABC, na noite de 4 de maio de 2016, na Escola Naval, Rio de Janeiro.
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Luiz Davidovich substitui o matemático do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) Jacob Palis, que presidiu a ABC por nove anos e foi responsável por importantes transformações na Academia. Ele criou, por exemplo, a categoria de membros afiliados, voltada para cientistas de até 40 anos, que tornam-se parte dos quadros da instituição por um período de cinco anos. O objetivo é reconhecer talentos jovens da ciência e, assim, incentivá-los nas carreiras científicas.
Palis também instituiu as vice-presidências regionais da ABC, de modo a descentralizar suas atividades e torná-la presente em todas as regiões do Brasil. As seis vice-presidências regionais (Norte, Nordeste & Espírito Santo, Minas Gerais & Centro-Oeste, Rio de Janeiro, São Paulo e Sul) são responsáveis por eleger os membros afiliados em suas respectivas regiões e por organizar duas atividades científicas anuais.

Jacob Palis agradeceu a todos os Acadêmicos e, em particular, a Lindolpho de Carvalho Dias que presidiu o Comitê Executivo, além dos funcionários da ABC: “Eles foram agentes ativos de todas as nossas atividades, inclusive a cerimônia de hoje. Agradeço também e reconheço a participação de muitos Acadêmicos em nossas reuniões e, em especial, em nossos grupos de estudo, que tanto serviram à ABC e ao país em todos esses anos. Por fim, gostaria de agradecer as empresas privadas e públicas que acreditaram em nós.”
Palis lembrou que sua Diretoria implementou uma categoria nova, a de membros institucionais, o que aproximou a Academia do setor privado. “Estes membros nos ajudaram a manter a ABC servindo à causa da ciência no país. Clique aqui para ler o discurso completo de Jacob Palis.
O novo presidente
Nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 25 de junho de 1946, Luiz Davidovich formou-se em física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutorou-se em 1976 na Universidade de Rochester, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, orientado pelo Acadêmico Moysés Nussenzveig.
Atualmente, Davidovich é professor titular da UFRJ, membro da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e um dos oito membros brasileiros da National Academy of Sciences (NAS) dos Estados Unidos.

O novo presidente afirmou que, em sua gestão, procurará ampliar a participação dos membros da ABC na formulação de novos documentos e de novas propostas para políticas públicas. “Continuarão a ser itens fundamentais de nossa agenda o cultivo da curiosidade e do fascínio pela ciência e a promoção da educação nessa área, com estímulo aos jovens talentos, essencial para o futuro da ciência no Brasil”, destacou. “Promoveremos o protagonismo internacional da ABC, mantendo e intensificando a sua interação com organizações e associações científicas internacionais.”
Davidovich falou também da defesa do desenvolvimento científico e tecnológico em um momento de crise como o que vivemos atualmente, que ameaça a atividade científica com cortes substanciais nos orçamentos do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC). Essa redução dos recursos interrompe redes de pesquisa, reduz a oferta de bolsas, precariza a investigação cientifica, a inovação e a educação. “Preservar a integridade, individualidade e laicidade do MCTI é tarefa fundamental de qualquer governo que tenha compromisso com o desenvolvimento sustentável do país. Sem dúvida, será central para esta Diretoria a defesa desse Ministério e de sua missão de Estado.”
O físico afirmou tratar-se de um mito a necessidade de cortes nos investimentos em ciência e tecnologia diante de uma crise econômica. “Exemplos de outros países contrariam esse discurso. Em meio à crise global, o primeiro-ministro chinês Li Kekiang anunciou, em março deste ano, que a China vai investir pesadamente em C&T ao longo dos próximos cinco anos, com a esperança de que a inovação ajude o país a enfrentar a sua desaceleração econômica. Em 2020, o investimento em ciência e tecnologia deverá alcançar 2,5 % do produto interno bruto, comparado com 2,05% em 2014.”
Ele citou outros países que investem mais que 3% do PIB em ciência e tecnologia, como Suécia e Japão, e mais que 4%, como Israel e Coreia do Sul, e reafirmou a luta da ABC para que, até 2020, o Brasil invista 2% de seu PIB nessa área – atualmente, aplicamos em torno de 1,5%.
Davidovich lembrou que os governos passam, mas a Academia Brasileira de Ciências continua, com propostas para o país construídas sobre os sólidos alicerces da competência profissional de seus membros. “Certamente será, nos próximos cem anos, paladina da centralidade da ciência, da tecnologia e da educação no processo de desenvolvimento nacional”, ressaltou. “Visionária, independente e crítica, fará jus ao melhor título que poderia almejar, e que já conquistou, graças ao trabalho que realizou durante os seus cem anos de vida: o título de patrimônio da nação brasileira.” Confira aqui o discurso completo de Luiz Davidovich.
Desejamos as boas-vindas ao novo presidente!
