Entre os dias 4 e 7 de novembro, foi realizado, em Budapeste, o 7º Fórum Mundial da Ciência (WSF, na sigla em inglês), organizado pela Academia Húngara de Ciências (HAS). O evento, cujo tema foi “The Enabling Power of Science” (“O Poder Capacitador da Ciência”, em tradução livre), contou com a participação de cerca de 900 pesquisadores, políticos, jornalistas científicos e representantes de instituições voltadas para o apoio à pesquisa.
 


World Science Forum volta à casa
 
Criado em 2003 pela Academia Húngara de Ciência, o Fórum Mundial de Ciência teve seis edições, cinco realizadas na Hungria com intervalos de dois anos e, em 2013, pela primeira vez fora desse país, o WSF foi realizado no Brasil, organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC). A partir dessa edição, ficou decidido que as edições de evento serão intercaladas entre a Hungria e outros países. Neste ano, o evento voltou ao seu país de origem e, em 2017, será realizado na Jordânia.
 
Palestras
 
Para a realização do Fórum, que teve mais de 70 palestras com algumas das pessoas mais influentes do mundo da ciência, política e sociedade, a Academia Húngara de Ciências contou com a parceria da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), do Conselho Internacional de Ciência (ICSU), da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS) e do Conselho Consultivo das Academias de Ciência Europeias (EASAC).
 
O tema principal do fórum possibilitou duas narrativas: a primeira sobre sustentabilidade, contribuindo para o debate das Nações Unidas na 21ª Conferência do Clima, a ser realizada em Paris a partir do dia 30 de novembro. E a segunda narrativa é a da comunicação, e discute o sentido de efetivamente compartilhar informações, observando a crescente necessidade de confiança entre ciência e sociedade e entre ciência e política.
 
Além da agenda principal do evento, foram realizados eventos paralelos, como sessões para jovens cientistas, debates voltados para a Comissão Europeia, encontros de jornalistas de ciência e encontro de assessores chefes de ciência.
 
Encerramento
 
A sessão de encerramento do Fórum Mundial de Ciência teve inicício com um vídeo de King Abdullah, soberano do Reino Hachemita da Jordânia e organizador do Fórum Mundial da Ciência de 2017. Abdullah afirmou ser a cooperação um dos principais meios para resolver problemas globais.
 
 
Irina Bokova, László Lovász e János Áder
 
Irina Bokova, diretora geral da UNESCO, disse que o acesso a recursos está se tornando cada vez mais difícil, portanto, soluções e ideias inovadoras são buscadas. “Nesse aspecto, a ciência como integradora do conhecimento de diversas áreas de pesquisa, tem um papel de destaque”, salientou Bokova, que também afirmou que, por conta dos desafios jamais vistos, o Fórum Mundial de Ciência é especialmente importante como lugar de debate entre cientistas, políticos e organizações públicas. “Este é o fórum onde governantes, organizações, comunidade acadêmica e setor privado podem desenvolver uma visão comum”.
 

Em seu discurso na cerimônia de encerramento, o presidente da República da Hungria, János Áder, alertou que todo o nosso futuro depende da extensão de nossa consciência sobre os desafios abertos para o nosso planeta e do quão distante somos capazes de reconhecê-los, interpretá-los e torná-los visíveis.
 
“Não é indiferença analisar o futuro, por meio das ameaças, ou pelas oportunidades de evitar uma catástrofe global para nos permitir avançar a um nível mais alto de civilização”, disse o presidente. “Se estamos trancados, com a consciência onde os problemas são gerados, então os desafios tendem a crescer. Mas, se trabalharmos para pensar nas mudanças, em resposta aos desafios globais, então, nós teremos a chance de resolver os problemas, reunindo nossos recursos”. Para esse fim, Áder pediu uma cooperação ativa entre pesquisadores, políticos e outros membros da sociedade e salientou sua responsabilidade conjunta.
 
János Áder também afirmou que cientistas têm uma função chave em facilitar o aprimoramento das tecnologias por meio de seu trabalho, aplicando pesquisas, observações científicas, análises e novas descobertas. “É responsabilidade da ciência falar em uma linguagem compreensível para todos. Nós precisamos ajudar a ciência a ter sua voz ouvida, de forma que supere o barulho das meias-verdades, dos delírios, das políticas sem visão e de curto prazo e do cinismo do século 21”. No final do discurso, o presidente pediu aos participantes do evento para ajudarem a levar para a maior quantidade de pessoas sua mensagem final. “O desafio é real, nosso tempo está acabando, mas há uma chance de mudar, portanto, temos trabalho a fazer e não podemos transferir a culpa para outra pessoa”, finalizou.
 
Declaração
 
Em sessão festiva no Fórum Mundial de Ciência, László Lovász, presidente da Academia Húngara de Ciências (HAS), leu a declaração em que se reuniram as principais propostas e conclusões do evento. Lovász destacou a importância do documento e lembrou que ele também deve ser importante na 21ª Conferência do Clima (Paris 2015).
 
As recomendações feitas pelo WSF foram resumidas em seis tópicos. Além de sugerir a transição para caminhos novos e sustentáveis de desenvolvimento, o documento oferece suporte ao acordo a ser elaborado sobre as alterações climáticas em Paris no próximo mês, e pede aos participantes que procurem uma cooperação tão ampla e eficiente quanto for possível durante as reuniões. Ações são chamadas para que o risco de catástrofes se reduza e cientistas e políticos são solicitados para unificar seus recursos e usar princípios comuns e universais em seus esforços para fazer a ciência adotar responsabilidade, independência e procedimentos de prestação de contas no curso de seus empreendimentos. Cooperação internacional também foi pedida, para que os resultados sejam alcançados em pesquisa e inovação e finalmente, financiamento à ciência, usando o conhecimento para o bem da sociedade.