Brasil e Dinamarca, dois países com potencial para liderar a revolução energética sustentável, buscam unir esforços de pesquisa na área de biorrefinarias. Para isso, foi promovido o 1st Brazilian-Danish Workshop on Biorefineries, nos dias 2 e 3 de dezembro, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, São Paulo. O objetivo do Workshop foi apresentar as principais iniciativas de universidades, institutos de pesquisa e empresas das duas nações ligadas a essa temática, com o intuito de aproximar os profissionais e promover projetos inovadores de estudos em colaboração.
O evento foi organizado pelo Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE/CNPEM), Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Centro de Inovação da Dinamarca em São Paulo e Academia Brasileira de Ciências (ABC). Durante a cerimônia de abertura, foi celebrado o lançamento do novo programa de doutorado em Bioenergia, realização conjunta da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Segundo o coordenador do programa e diretor do CTBE, Carlos Alberto Labate, 41 alunos iniciarão os estudos em março do ano que vem. As aulas, ministradas a partir das três universidades parceiras, serão ministradas em inglês e via videoconferência. Também haverá uma articulação com as instituições dinamarquesas para o intercâmbio de alunos e professores. “Nosso próximo passo é fazer um acordo entre as universidades paulistas, os dinamarqueses e o CTBE para possibilitar o livre acesso dos alunos à infraestrurura do Laboratório e o intercâmbio de experiências acadêmicas”, comentou Labate.
A abertura do Workshop Brasil-Dinamarca foi presidida pelo Acadêmico e diretor-geral do CNPEM, Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho. Ele anunciou que o CTBE acaba de abrir suas primeiras instalações de pesquisa aos usuários externos institucionais. Pesquisadores de universidades e centros de pesquisa do Brasil e do exterior poderão submeter propostas de pesquisa para serem realizadas nos Laboratórios de Desenvolvimento de Processos (LDP) e na Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP) do CTBE. Após a fase piloto de submissão de projetos realizada nos meses de novembro e dezembro, um novo período oficial estará disponível aos profissionais interessados em janeiro de 2014.
Do lado dinamarquês, um dos programas de destaque apresentados no evento foi o Bio-Value Spir. Com um orçamento de € 25 milhões, a iniciativa agrega universidades e empresas para desenvolver soluções tecnológicas ligadas a biorrefinarias. O programa se divide em seis diferentes projetos que abarcam sistemas inovadores de produção de biomassa, química verde, produtos de alto valor agregado a partir de lignina, produção de lisina, conversão catalítica de carboidratos, entre outros.
Outro programa europeu relevante discutido durante o Workshop foi o Horizon 2020. Com o lançamento previsto para o início de 2014, o programa é considerado o maior da Europa na área de pesquisa e inovação em assuntos estratégicos, com um investimento de cerca de € 80 bilhões entre 2014 e 2020. A primeira chamada do Horizon 2020 abrange 12 diferentes áreas do conhecimento, sendo uma delas a energia competitiva de baixo carbono. Esta financiará € 359 milhões em projetos ao longo de 2014. “Essa ação de fomento à pesquisa representa uma excelente oportunidade de financiamento para bons projetos em colaboração entre Brasil e Dinamarca na área de combustíveis e bioprodutos a partir de biomassa”, afirma Anders Ødegaard Christiansen, do Centro de Inovação da Dinamarca em São Paulo.
Participação empresarial
No ano passado, o governo dinamarquês anunciou que pretende zerar o consumo de combustíveis fósseis a partir de 2050. Isso representa um motivo a mais para que o país busque alternativas energéticas renováveis em conjunto com o Brasil, nação na qual Christiansen diz possuir a melhor experiência de uso de biocombustíveis do mundo. Diante desse cenário, o agente diplomático dinamarquês ressalta o papel de destaque das empresas de base tecnológica. “Foi muito importante contar com a participação no workshop de importantes empresas dos dois países na área, pois são elas quem trazem à sociedade as soluções base de pesquisa altamente tecnológicas”, comenta Christiansen.
O 1st Brazilian-Danish Workshop on Biorefineries contou com apresentações de representantes de empresas dinamarquesas como a Novozymes, líder mundial na produção de enzimas industriais, e a Inbicon, que desde 2009 desenvolve testes com etanol celulósico em uma planta industrial de demonstração de tecnologia no Porto de Kalundborg. Esta possui capacidade de produção anual de 5,4 milhões de litros.
Já do lado brasileiro, GranBio e Raízen apresentaram seus projetos de plantas industriais de etanol celulósico em escala comercial. A primeira deverá inaugurar sua indústria no município de São Miguel dos Santos, em Alagoas, no ano que vem. Esta terá a capacidade de 82 milhões de litros anuais de biocombustível. Já a Raízen iniciou neste ano a construção da sua planta de etanol de segunda geração (2G) integrada à atual Usina Costa Pinto, em Piracicaba-SP. A nova unidade produzirá 40 milhões de litros de etanol em 2015.
A evento foi encerrado com uma visita, no dia 4 de dezembro, da comitiva dinamarquesa à usina da Raízen que abrigará a unidade comercial de etanol de segunda geração. Ficou acertado ainda, a realização de uma segunda edição do Workshop para o final do próximo ano, na Dinamarca.
Sobre o CTBE
O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O CTBE desenvolve pesquisa e inovação de nível internacional na área de biomassa voltada à produção de energia, em especial do etanol de cana-de-açúcar. O Laboratório possui um ambiente singular no País para o escalonamento de tecnologias, visando à transferência de processos da bancada científica para o setor produtivo, no qual se destaca a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos (PPDP).
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Localizado em Campinas-SP, possui quatro laboratórios referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz Síncrotron da América Latina e está, nesse momento, construindo Sirius, o novo acelerador brasileiro, de terceira geração, para análise dos mais diversos tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da Biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; o Laboratório Nacional de C
iência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o País.
iência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o País.
Os quatro laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.