O VI Fórum Mundial de Ciência terminou na tarde desta quarta-feira (27), no Rio, com a divulgação de um texto final elaborado pelos cientistas e pelas autoridades de 120 países que se reuniram em Copacabana durante três dias.
 
O relatório de quatro páginas, publicado em inglês, segue a linha do documento apresentado ao término da conferência Rio+20, em junho do ano passado, e destaca os compromissos da ciência com os Objetivos do Milênio estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e com a agenda de desenvolvimento pós-2015, por um mundo mais sustentável, menos pobre e sem fome.
 
Ao longo do texto, são enumeradas seis conclusões e cinco recomendações. Entre os pontos mencionados na primeira parte, o documento destaca os atuais desafios que a comunidade científica enfrenta – como crescimento populacional, concentração de pessoas nas áreas urbanas, mudanças climáticas, escassez de alimentos, água e energia, catástrofes naturais e tecnológicas, epidemias, desigualdade social e de acesso a saúde e educação -, o que exige mais esforços de pesquisas e abordagens interdisciplinares.
 
Todos esses problemas, segundo o relatório, demandam que os cientistas repensem sua atuação e cooperação, e que seja criado um novo paradigma de desenvolvimento, capaz de combinar o progresso econômico e social com a preservação da natureza e da cultura dos povos indígenas.
 
Além disso, o documento divulgado ao fim do fórum menciona os cortes orçamentários na área da ciência que têm sido feitos por vários países, principalmente após a crise mundial de 2008. Apesar disso, algumas nações ainda continuam a investir alto em ciência, tecnologia, inovação e engenharia, ressalta o texto.
 
Outro item destacado é o crescimento de cooperações entre universidades, organizações públicas de pesquisa e a indústria, o que tem favorecido a graduação e a pós-graduação de estudantes e também novas oportunidades para jovens cientistas.
 
Sobre estudos em áreas como biotecnologia, neurociência e física nuclear, por exemplo, o relatório diz que esses trabalhos muitas vezes têm implicações éticas e morais que precisam ser discutidas com o público em geral. Além disso, segundo o documento, os cientistas precisam buscar sempre a integridade e conduzir suas pesquisas com honestidade, objetividade, imparcialidade, veracidade, justiça e responsabilidade.
 
O último ponto das conclusões fala sobre a necessidade da criação de novos modelos de desenvolvimento, que sejam inovadores, relevantes e baseados em evidências. Há, ainda, menção sobre a importância da diplomacia na ciência, sobretudo para lidar com questões internacionais, administração de crises e cooperações pacíficas, e do uso racional de recursos naturais do planeta, o que deve ser incorporado às novas estratégias de desenvolvimento.
 
Recomendações
 
Já as cinco recomendações elaboradas pelo fórum citam a necessidade de haver mais cooperação científica entre os países à procura de sustentabilidade, um investimento maior em educação, uma conduta ética e responsável dos cientistas que queiram inovar, um melhor diálogo com os governos, a sociedade, a indústria e os meios de comunicação; e mecanismos sustentáveis para financiamento da ciência. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, que participou da cerimônia de encerramento da conferência, a ciência realmente precisa se aproximar mais da sociedade e se comunicar melhor com ela, pois é o povo que paga os estudos feitos nas universidades e instituições públicas.
 
“A internet tem ajudado muito nesse sentido e trazido grandes revelações. Além disso, nos últimos dez anos, o número de cientistas em todo o mundo cresceu muito, principalmente em países em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil. Esse aumento pode nos ajudar a resolver vários problemas”, finalizou Oliva.